Páginas de Diário....
Esse é mais um achado... Páginas manuscritas há tempo... Um dia "de menos"... ... ...
Comecei esse texto das formas mais diversas, escrevi e apaguei tantas vezes q poderia ter escrito um conto. Pensei em falar primeiro do passado, depois achei melhor dizer o presente. Para falar a verdade, tenho medo do que essa “brincadeira” de escrever um diário possa causar. Nunca tive muita sorte com eles, como já se sabe.
Diários são brincadeiras perigosas...
Você me pediu que não escrevesse como um escritor, mas com simplicidade: acho que não sei fazer isso! Rsss. Talvez se não fosse esse pedido o meu primeiro capítulo do diário já tivesse saído, ou talvez não, eu tenha escolhido demorar assim para te deixar curioso... Mas... acredite na primeira opção, ela é melhor.
Acho que todo diário deve começar com a identificação do dono... Pois bem: Sabrina Souza Miranda, 23 anos (ainda, já me parecem uma eternidade), branca, baixa (baixinha...), olhos claros (uns dizem castanhos, eu digo verdes). Mãe aos 20 anos, casada, quase independente (esse quase inclui muitas restrições, infelizmente). Estudante de Serviço Social, professora municipal, autônoma nas horas vagas.
Descrição física é fácil, mas descrição psicológica e ideológica outras pessoas podem fazer de mim melhor do que eu mesma. Pra mim isso é um mistério, eu não sei quem eu sou, de onde vim ou para onde vou. Tem alguns dias que eu até penso que sei, mas em outros como esse, eu tenho certeza absoluta de que nada sei.
Escrever com simplicidade sobre uma vida que não é e nunca foi simples não é fácil. Mas hoje consigo entender coisas que eram inaceitáveis para mim a alguns anos atrás. Os famosos divisores de águas... Antes e depois do Magistério e antes e depois de me tornar mãe!
A gente muda tanto! Conquista, perde, conhece, esquece, aprende, modifica, cresce, envelhece, escolhe, erra, refaz, desfaz, disfarça, esconde, exprime, solidifica...
...e um dia morre!
Em mim já morreram tantas idéias, tantos ideais. Morreram pessoas, atitudes, falas, frases, preconceitos, conceitos... ainda bem que nasceram outros, uns certos, outros nem tanto, afinal, não sou perfeita, nem ideal.
Tenho meus dias de paz,... de olhos verdes .........e tenho meus dias escuros, de olhos negros... e eles são tão fáceis de serem percebidos. Até sei disfarçar, meu sorriso convence muita gente, mas não engana o olhar de quem me conhece, de quem já me viu chorar de dor, de decepção e de amor. Ultimamente tenho praticado chorar em silêncio, pois quem vê minhas lágrimas não as entende... então as guardo para mim.
Sentir-se só no meio da multidão é um jargão tão popular, mas sempre fez sentido para mim. Uns dias mais, outros menos.