Ilusões

Querido diário,

O que me diria você, amigo, de uma mulher que ama um alguém de além mar? Talvez tímido, diga-me que ao homem sejam permitidas ilusões. Ou conte de encantos da sedução quando o luar atinge a alma de certos seres em noites de verão. Eu tenho preenchido meu coração com as faces de um amor assim. E elas me dizem que se constroem sonhos nas cartas de amor.

Essa mulher em interrogações bem sabe que sou eu. E imploro que o vento fale a meu amor quando soprar uma viração das lembranças dos instantes que passamos juntos. E na beira de um mar de incertezas, indago se após as portas do céu se abrir; podem fechá-las? Pois foi lá que ficamos a namorar. O vento assistiu meus seios arquejarem no momento dos beijos dele. Nos braços desse amor, meu corpo entrou em tempestade e as ondas bateram nos rochedos quando nos amamos. A explosão de sensações nos fez sentir a terra no mar. E nas portas desse paraíso navegamos muitas vezes mergulhados em gemidos de prazer.

São lembranças de um passado, a meus olhos, tão presente! Elas me apóiam na solidão das noites vazias desse amor. Alguns animais fogem do ninho com uma rapidez surpreendente; porém meu ser todo experimenta a esperança de que ele ainda não me esqueceu! Acaso os pensamentos de amor também são negados só por não se poder estar aquecida nos braços queridos?

Não me responda, diário amigo! Deixe-me nessa ilusão de que ainda posso viver esse amor um dia. Não quero lutar contra meus sentimentos. Confio em você, que me ouve todas as noites, com o rosto sereno e de poucas palavras. Atribuímos um preço alto aos sonhos; os meus não podem ser mensurados. Eles se fizeram de noites embriagantes quando escrevi o nome dele em meu coração. Eu estava como podes ver, embebida de amor. Ainda estou? Sim. Confesso-lhe que o estou chamando com essas palavras.

Aprende-se mais com uma conversa interior que em horas de pensamentos tristes. Aqui, tudo me é fácil; o valor é menor que em choros ao coração. Como me é de confiança, digo-lhe que sofro, mas sei que um futuro se avizinha de meus olhos. Ele irá ler minhas palavras! Somente minhas letras irão abrir a porta novamente de meu paraíso. Apenas me reservo uma pontinha de medo e por isso falo primeiro com você, meu confidente!

Beijo, amigo, com uma ternura que a emoção aprendeu com ele.

dona T
Enviado por dona T em 01/07/2009
Código do texto: T1676734
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