Saindo de férias - respondendo a um colega e, falando sobre Neda Agha Soltani e o mais...
Saindo de férias - respondendo a um colega e, falando sobre Neda Agha Soltani e tudo o mais...
(férias de julho, Neda A. Soltani, fundamentalismo religioso, política e religião, política arcaica, Goiânia, GYN)
"...Pois, é - estou num esforço danado aqui - jornada de trabalho até 21, 22 horas da noite, pra colocar tudo em dia e... partir pras férias.
No meio da trabalheira, perdi até o "Banho de São João", uma festa que acontece em minha cidade e, que começa pelas 5 da manhã, com um banho frio e, depois pinga e conversa fiada e galhofas entre amigos que se conhecem desde a infância (bom Deus, eu os tenho!), entrementes a escolha do Presidente da festa no ano seguinte, com discurso e tudo o mais .
Vou sair de férias com a firme missão de construir um ranchinho novo para mim, no lago da represa das terrinhas de meu pai - coisa pequena, só pra dar sombra e caber um fogão, guardar uma canoa e abrigar pensamentos de paz e admiração pela natureza.
Andam me falando em viajem ao litoral, mas não sei - não estou pra isso. Por lá tem sempre aquela gente estranha e agitada (turistas e seus olhares belicosos, impressões ligeiras ou vazias, frenético momento - saltando de uma experiência à outra, incapazes de sorver o que quer que seja de realidade) que me dá nos nervos!...
O que é certo é, que vou para o interior e, pela metade de Julho, para uma praia mais deserta do Araguaia - e já tá bom demais, pois o que preciso mesmo, é descansar.
Os haicais se afastaram da mente, por uns dias. Pudera! Sem tempo para contemplação, tranqüilidade, reflexão, parece que estão atravancados, os caminho por onde eles chegam. Mas, eu sei que voltam e, sei como fazer para que o façam. Meu compromisso com eles, não tem data, nem meta definida. Que cheguem e habitem a mim e ao meu mundo.
Os tankas, ao contrário, não param de bater à porta. E, os deixo sair, que ganhem o mundo, através da mídia virtual. Os últimos que escrevi é sobre o dantesco assassinato de Neda, a linda moça iraniana - Não consigo tirar aquele olhar inquisidor da mente. Aquele olhar...!
Fiquei com a impressão de que ela inquiria e acusava ao mundo inteiro e a nós, sobre democracia e liberdade (no sentido ocidental, of course), direitos e garantias individuais, fundamentalismo religioso e seu braço mais eficaz, o Estado teocrático. Sim, porque, as vozes que se levantam contra a situação política no Irã, questionam apenas a eleição de Ahmadinejad - nenhuma palavra sobre a estrutura do poder instalada e, muito menos, direitos civis...
E, pensar que em certa medida, estamos correndo riscos parecidos - boa parte dos partidos políticos de hoje não passam de agremiações da elite religiosa, que atua objetivamente para afiliar os objetivos do Estado laico de seus próprios interesses. Num dia muito breve teremos resultados concretos dessa aproximação e captura do poder.
...Religiosos e poder - ao longo da história sempre significaram ameaça consistente em perseguições, castigos estúpidos e, mortes impressionantes, em nome de interesses muitíssimos sagrados - comigo, não!...
Na minha opinião, estamos vivendo um período lamentável da história, que precede a um período pior. Uma escumalha de gente hipócrita está chegando ao poder, a bordo de projetos políticos que misturam ignorância, autoritarismo, populismo e, o olho nos cofres - quando o caso não é de patrimonialismo, puro e simples, como é o caso do Brasil, onde as elites oriundas de setores de diferentes se articulam num projeto arcaico - populismo e assalto ao erário, institucionalização da rapinagem, ao que se segue o compadrio no desagravo de comparsas e salteadores.
(No meio desse processo, no mundo inteiro, as instituições e valores básicos do mundo democrático vão sendo empurrados para o terreno da indefinição e do bom-mocismo, e aí, a incerteza e a demagogia fica mais palatável.)
Mas, me desviei demais do assunto inicial, não é - já não estranho, porque sempre aconteceu, rs!
Fico muito feliz com o que diz sobre o que sente. Desde que nos conhecemos, noto sua lenta mudança - e me, permita, para melhor, inclusive quanto aos sentimentos, as experiências que viveu. Mas, agora, parece que alcançou um patamar mais avançado nesse sentido, inclusive em sua relação com a família.
Os relacionamentos familiares, na medida em que avançam ou envelhecem, vão ficando intrincados e, se tornando um desafio, não é? Mas, se não vencemos tal desafio, se não ordenamos esses relacionamentos (pelo menos quanto a mim), parece que estamos incompletos. Na medida em que os superamos e nos ajustamos com a família, nos fortalecemos para seguir, em nossas buscas e fainas...
Boa tarde!"