O crime e o castigo

Atiraste uma pedra em meu peito e rasgaste minha vida em duas. Deixaste empoeirado meus guardados e nem olhaste para trás, como se nada mais importasse. Mas esqueceste de fechar direito a porta. Esqueceste de apagar a luz e eu vi... Eu vi o teu semblante inconsciente, o teu pensar impaciente e conclui que o amor não morrera.

Mesmo assim cometeste o crime de sair, fechar o passado e abrir o futuro.

Eu vi o caminho correndo e parei o tempo para acompanhá-lo. Mesmo sem você. Não serei cúmplice da tua ira e nem órfão do teu penar. Apenas espero aqui, até que voltes para me buscar, pois sei que fostes embora, com vontade de nunca voltar, mas que seus olhos volvem toda vez que vais te deitar. Mataste o amor, mas fizeste nascer a dor e com ela a saudade de nós, do calor que só vem de nós.

Não há maior dor do que ter de voltar depois de esnobar e nem maior alegria do que receber, mesmo depois da ira. É o nascer da flor.

Na soleira da porta a tua vida me espreita à espera do nosso retorno e os nossos sorrisos esperam ansiosos pelos nossos rostos.

Até que retornemos!