Boneca de Pano
Jogada sobre os entulhos,
Completamente suja, desfigurada...
Seus olhinhos já não guardam,
A brancura que o mundo enxergava...
De tanto ser maltratada, assanhada,
Sua beleza virou fantasma...
Ninguém mais a procura,
Não lembram o seu nome, nem se quer com ela falam...
Ontem, tivera sido um lindo presente de aniversário,
Hoje, não passa de um objeto inanimado, entregue às infelizes traças...
Seu vestido xadrez virou mortalha,
Seu feliz rostinho virou lágrima...
Como uma criança abandonada,
Sem amor, sem respeito, sem nada...
É órfã de um carinho atropelado,
Vítima do esquecimento, de alguém que nunca conheceu um verdadeiro abraço...
A alegria que lhe foi confiada,
Parece não fazer mais nenhuma falta...
Sua companhia foi definitivamente trocada,
Pelos vestidos ousados e sugestivos bailes...
Esqueceram da sua ingenuidade,
Do seu exemplo de educação amável...
Já não lhe querem, por considerarem-na ultrapassada,
Longe das malícias que o mundo hoje covardemente abraça...