Ainda que haja morte

Olá,

Hoje atendi um telefonema de uma pessoa que viveu a dura experiência da morte da mãe. Num momento como este, gostaria, e muito, de falar alguma coisa realmente importante mas não deu. Simplesmente não tive repertório mágico ou chavões religiosos que pudessem (em verdade) atenuar o sofrimento da pessoa amiga. E assim testifiquei, mais uma vez, que nada sou diante da dura separação causada pela morte e dos mistérios que envolvem a existência.

Decidi escrever e dividir com você minha incapacidade. Definitivamente não sou o que penso, não posso o que julgo e não vejo o que enxergo teoricamente.

Porém, vida continua em meio a várias especulações sobre seu significado. E a cada teoria, cada uma mais apropriada ao gosto e a racionalidade humana, me sinto confuso e dependente de algo que não encontro em minha racionalidade.

E aí vejo em Jesus, conforme descrito no Evangelho de João (Capítulo 11), que diante de uma situação semelhante, a morte de alguém querido, Ele simplesmente chorou. Como um de nós, o Cristo não negou a tristeza diante da face fria da separação. E ao ser interpelado, ainda que em meio dor, trouxe a promessa da vitória da Vida sobre a Morte “Aquele que crê em mim ainda que esteja morto viverá”.

Enquanto escrevo estas breves linhas, penso naqueles com quem convivi e que também já partiram e sinto as feridas de cada despedida. Machucam. Mas a passagem do texto acima, me permite viver a esperança de que a morte não é o fim. O mesmo Jesus afirmou “Toda a lágrimas seria enxugada”.

Nesta simplicidade, sigo a minha vida. Entre lágrimas e sorrisos, vou tocando. Dando-me o direito de chorar, de duvidar, em fim de ser simplesmente eu. Mas confiante de que da mesma forma em que o sol brilha, também em dias chuvosos, Deus não esquece de cada um de nós.

Um beijo,