Carta de Sobrinho - ao querido Ti Dino

Querido Ti Dino!

Tio, há muito que não lhe ponho formalmente o agradecimento por momentos que aconteceram lá longe nos idos da década de 70.

Achei engraçado agora, pois quando escrevi "Ti Dino", vi o nosso "Ti", que é o jeito que nós, descendentes do povo das montanhas, Minas Gerais, falamos. E é disso também que essa carta caminha.

A família veio de minas para cá, em São Paulo, depois que os tios, Dino e Zé desbravaram as terras paulistanas. Que Deus abençõe os corações de vocês por toda nossa gente que vive hoje aqui toda numerosa. É verdade também que quando meus pais estavam na mais tardia visão das coisas que lhes faltavam, foi o Vô que trouxe desde o tio que eles podiam ver um dia com cara de dia.

Eu vivi em sua casa e vocês me chamaram de "tsukinha". Não sei ao certo o que significa(va). Mas lhe sou muito grato.

Sou grato também pelo meu nome: Marcelo Udo - fiquei sabendo que foi o tio que definiu.

Mais tarde, quando tive a chance de me ver como gente, tive também a chance de conhecer o mais fervoroso dos palmeirenses, o eletricista de mão cheia e o petista fiel.

Sabe, o Lula já está um tempão como presidente da república, o senhor acredita nisso? Ia adorar ver isso. Não sei se o senhor ficaria bem com o PT envolvido num tal de mensalão. Quer saber, não vou falar de coisas tristes não.

Outro dia lembramos, eu e minha mãe, do senhor e resolvi lhe escrever essa carta de gratidão por tanta coisa que passamos juntos. Lembra aquele cãozinho que o senhor nos deu e queria que a gente o chamasse de Lula? Então, resolvemos chamá-lo de Stones. Lula ficava muito estranho.

Às vezes passo bem perto do bar do Gordo e finjo ver a imagem do senhor lá dentro. Isso dá uma sensação que todo mundo está por ai e de repente a gente pode se esbarrar para conversar.

Grato deveras por tudo e fique com essa energia cósmica que alimenta e retroalimenta toda a vida eterna.

Abraços,