Em defesa de Ferreira Gullar

Vejam a que ponto pode chegar a maldade humana:

A revista Época à duas semanas atrás, publicou uma reportagem na qual o poeta, que é pai de quatro filhos, dois dos quais portadores de esquizofrenia, sendo um deles já falecido, fez duras críticas à Lei 10216 ou Lei da reforma psiquiátrica.

No bojo da reportagem expôs as suas feridas como pai sofrido e, lamentou a ausencia de atendimento hospitalar para pessoas portadoras de anomalias mentais, mesmo em fase aguda. Ferreira Gullar, ainda discorreu sobre a dificuldade das famílias em conter e tratar os seus familiares psicóticos em periodo agressivo ou delirante e lamentou a falta de apoio da sociedade e de muitos psiquiatras ao restringir o uso de medicação/hospitalização para abortar os surtos psicóticos.

Isso tudo, Gullar diz ter sofrido na própria carne.

Pois bem, disto isto, entevista publicada, diversas sociedades regionais de psicologia e alguns psicólogos freudianos partiram para o ataque ao entrevistado, chamando-o de equivocado, fora da Lei, insensível, mal informado e omisso no tratamento dos filhos além de outros adjetivos mais grosseiros. Sem contar que diversos Blogs idiotas, que ninguem jamais leu, também se insurgiram contra Gullar.

Foi uma verdadeira avalanche de injúrias e calúnias.

Agora vamos à verdade dos fatos:

Inicialmente, vamos deixar de lado os adeptos do paranoico, egoista, mistificador e falecido Freud , que por sinal, já teve suas teorias totalmente derrocadas desde 1990, com advento das neurociências.

Essa malfadada Lei 10216, que pretendia levar adiante uma pseudo reforma psiquiátrica, simplesmente tramitou no congresso durante 10 anos e foi promulgada em 2001, sendo que, desde então, foi durante combatida por responsáveis profissionais de saúde , justamente por ocasionar a ausência de atendimento hospitalar a uma parcela de cerca de 18 por cento de brasileiros doentes mentais.

Nesse particular, a malsinada Lei, conseguiu os seus objetivos originais, ou seja, trazer economia para o SUS, já que tratamento hospitalar de boa qualidade para doentes mentais é caro, e a família então que se " vire" , como dizem os partidários da reforma psiquiátrica.

O que então foi colocado no lugar da desospitalização dos doentes mentais ?

Nesse cenário é que surgiram os CAPS, sim os famigerados centros de atenção psicossocial, em que o paciente deveria passar o dia inteiro juntamente com um membro da família e alí ser atendido, tratado e medicado por uma equipe multidisciplinar.

Assim escrito parece coisa de primeiro mundo não é ?

Mas não se iludam: Como é PÚBLICO E NOTÓRIO, os CAPS são uma imundice, os profissionais na sua maioria são faltosos e desqualificados e quando muito, se limitam a controlar as estereotipias momentâneas dos pacientes.

Isso, quando não são apenas fantasmas nas folhas de pagamento do governo. Alí falta de tudo: tratamento, medicamentos , roupas, instalações decentes, móveis e até direitos humanos para com os pacientes e familiares.

Quem tiver dúvida faça uma visita a um CAP próximo a sua residência que poderá constatar " in vivo " aquilo que já se tornou público e notório por ser uma conduta costumaz dos gestores do desencatado SUS.

Agora vem, esses psicanalistas, que muitas vezes nem profissionais de saúde são, atacar publicamente e de forma descomedida um artista e pai do quilate de Ferreira Gullar.