Lomba Grande, 29 de maio de 2009, sexta-feira Meu querido amigo Ed! Como estás?Espero que esta carta vá encontrá-lo gozando de plena saúde, assim como todos os teus familiares. Eu estou passando por alguns problemas de saúde, mas graças a Deus com pronta solução. Ontem, enquanto esperava uma consulta no otorrinolaringologista, a qual demorou duas horas, consegui ler teu livro “Caminhando com as borboletas”, na íntegra. Lembrei-me das cartas que o pintor Vincent van Gogh escrevia a seu irmão Theo, ao longo de sua vida. Vincent relatava ao irmão, suas dores, seus desencantos, suas frustrações, seus amores e desamores. Não falava de coisas muito boas, pois sua vida foi um tormento depressivo. Mas, qual relação, teu livro tem com isto? Ao lê-lo, senti como se um irmão ou um íntimo amigo estivesse contando-me seus sentimentos mais íntimos. Aqueles que ficam lá, guardadinhos no mais recôndito espaço de nosso ser. Aquelas emoções que só confessamos a nós mesmos ou não ou ainda a um amigo muito chegado. A singeleza dos teus poemas deu-me esta percepção acima descrita, como se tu fosses meu irmão e, em cartas poéticas, tu abrisses teu ser a minha pessoa. Assim, são um pouco as borboletas, desde a fase de ovo, depois lagarta, crisálida até o imago, vão fervilhando seus sentimentos, transmutando-se a cada dia, até explodirem no esplendor da bela borboleta adulta. Foi uma feliz escolha, título do teu livro “Caminhando com as borboletas”. Parabéns! Sabes que ele, inspirou-me um poetrix? Tomo a liberdade de transcrevê-lo aqui:
Desculpa-me, Ed, se coloco uma “tradução” junto, mas um recantista mal-educado colocou em um comentário sobre este poetrix, três pontos de interrogação (? . ? .?),então publiquei esta “tradução”, junto a ele. Voltando outra vez ao livro, tu falas a linguagem da pessoa singela, daquela que no dia-a-dia, sente as agruras de sua labuta. E,quando esta toma em suas mãos um livro de poemas, quer sentir-se parte dele e não lê-lo com um dicionário ao seu lado. (Infelizmente, este é o meu defeito poético, não consigo escrever com simplicidade, com leveza e suavidade. Talvez, mereça mesmo interrogações como comentários de meus textos). Se tu me pedisses para escolher algum entre eles, eu não saberia dizer-te, pois são todos muito sentimentais e humanos. Posso destacar os que mais me sensibilizaram como pessoa sensível, não como poetisa ou como professora que sou. O primeiro deles foi “Mãe negra”. Confesso que chorei ao lê-lo!Além de toda emotividade nele contida, fazes referências às entidades afro-descendentes, tão presentes em nossa cultura e religiosidade. (Salve Iemanjá, minha mãe da águas!). Meu pensamento voou às mães negras escravas que amamentavam os filhos da senhoras, muitas vezes deixando seus próprios filhos à míngua por não terem leite suficiente. Mais uma vez, lembrei-me de outro pintor (Sou professora de Artes), Lasar Segall. Ele tem um quadro intitulado Mãe Preta, de uma beleza ímpar. Pois, este teu poema levou-me até esta tela. Vou colar aqui uma imagem dela, para que possas apreciar sua beleza indescritível em palavras. http://www.corposem.org/videoparto/images/Mae_preta_de_Segall.jpg Linda, não?! Outro poema, que me tocou profundamente, foi “Martelo e Bigorna’. Um poema curto, conciso, que em poucas e reflexivas palavras, deixa ao leitor uma grande mensagem, por não dizer, uma lição de vida. Como dizem minhas amigas poetisas lusas, escreveste um poema muito bem conseguido. O terceiro texto, não em ordem de preferência, foi “Lâminas afiadas”, nele tu descreves os meus sentimentos, sem conhecer-me na realidade. (Claro que sei que são sentimentos teus, mas criei uma empatia com o poema.) “Concepção de nosso amor”, só veio confirmar-me, o apreço e consideração que tens por Maria, tua esposa e, não só por ela como também por todos os membros de tua família. Vais acham-me estranha, mas admirei profundamente tua dedicatória a mim, a teus pais, filhos e sogros. Digo estranha, pois senti nelas teu verdadeiro eu, teu apego e respeito por tua família, qualidades que admiro, antes de tudo em uma pessoa, antes mesmo até de seu dom poético. Meu querido amigo esta carta já está ficando longa demais e as palavras começam a ficarem repetitivas. Espero, com ela poder ter sido útil de alguma maneira. Escrevi com a sinceridade que uma irmã escreve a um irmão (e é assim que te considero: um amigo-irmão). Depois que fizeres a leitura desta, escreva-me dizendo se os poemas que mais me sensibilizaram são os mesmos que te sensibilizam. (não vale dizer que gosta de todos como se fossem filhos. Sou poetisa também e sei que sempre temos os “favoritos”) Um grande beijo e um afetuoso abraço a ti e à queridíssima Maria. (Diga e ela que no dia que eu for a São Paulo, estou me convidando para um almoço, pois penso que ela é ótima cozinheira, assim como eu. Ah! O convite vale também se algum dias vocês vierem ao Rio grande do Sul) Da sempre amiga-irmã, Denise, Dê, D ou Poenise PS: Não revisei erros de ortografia nem de concordância verbal e nominal. Isto é uma carta informal! Quem quisr adiquirir o livro de Edvaldo Rosa: http://www.sacpaixao.net/livros.php Quem quiser conheer o site de Edvaldo Rosa: http://www.sacpaixao.net/index.php A propaganda fica pela amizade! | |
Denise Poenise Severgnini | |
Publicado no Recanto das Letras em 29/05/2009 Código do texto: T1621413 |