De um coração ...
Nunca mantive um diário. Achava tedioso o ofício de escrever pra ninguém. Mas acho que o objetivo é registrar. Documentar. Como sempre fui aquém de modismos e diários, preferia qualquer pedaço de papel. O que importava não era o suporte, mas as palavras suportadas, toda expressão d’alma, sua essência. É assim que gosto de escrever. Com paixão, ardor. Se pudesse ver-me agora ficaria desnorteado. Como pode aparentar tão sereno semblante, se em seu peito borbulham um turbilhão de emoções? É, sempre foi assim. Desde que me entendo por gente – isto é, desde que comecei a provar toda a magnitude da escrita, a possibilidade de verbalizar quem realmente mora bem resguardada em mim...
Hoje já não procuro a felicidade. Sei onde encontra-la, já me deram a receita. Só não consigo segui-la de todo. Busco alento, sinto-me acalentada quando ao som de boa música, corro o lápis no papel e exponho a mim mesma o que há dentro, no mais profundo de meu peito. Mas, quão bom não seria ter um ombro para aninhar-me, um abraço apertado encontrar... é isso que busco, muitas foram as possibilidades, “reflexos de amor” é o que digo...
Ando angustiada. Sempre fui boa moça, apaixonadamente apaixonada por deixar-me levar. Mas quanto isso já não me causou...
De certo, muito romântica, mesmo sabendo que o príncipe não existe, esqueço erros, defeitos, e exponho-me a amar, trocar, só queria experimentar... vale a pena tentar? É o que ando a me perguntar...