Carta à minha mãe
Rio de Janeiro, 10 de maio de 2009.
Querida mãe,
Não pretendo compor um lamento, não há o que lamentar por ser teu filho. O amor que tu me deste era doce (...) continua doce, mamãe. Não sou mais o garotinho magrinho, barrigudinho, chorão, ao contrário, maduro e calejado, mas ainda mimado em teu colo de afagos e ternuras.
Ah mãezinha, eu te amo! Amo ad eternum e me permito questionamentos retóricos: porque tens o dom da palavra calada, possuis a perspicácia dos sábios e a parcimônia dos deuses generosos? És solidária em tuas atitudes, capaz e justa em tuas decisões? Vives para nós e, se houver tempo, um pouco para ti mesma? Mãezinha, tua simplicidade é absoluta, contundente, por isso te entendo, admiro, venero.
Desculpa-me, querida, o tempo perdido com lamúrias e discursos contestadores vazios. Perdoa-me os idílios e arroubos de juventude, discutindo contigo as decisões da sapiência nesses tempos de ainda inconsciência.
Não me culpes, eu te peço, desculpando-me outra vez, pela primavera: eu era flor; e tu, jardim; e quando eu era verão, quente e sufocante, tu eras a brisa, a aragem da sombra redentora. Hoje estou no outono, amor eterno, a geada já chega em meu telhado e posso mais claramente entender o inverno que se avizinha quando acaricio teus cabelinhos nevados.
Perdoa-me, mãe, por demorar uma vida para dedicar dez minutos e torná-la perpétua aos olhos dos poetas que trilham os mesmos caminhos tortuosos que esse teu filho, “prodígio”, tu afirmavas, pródigo, ouso corrigi-la pela última vez.
E se mais nada houvesse a dizer, diria emocionada e pausadamente teu belo nome: MARIA.
Parabéns, não por hoje, efêmero dia que se irá, mas pela dignidade, pela coragem e pela leveza de teu Espírito de Luz.
Teu filho
Rio de Janeiro, 10 de maio de 2009.
Querida mãe,
Não pretendo compor um lamento, não há o que lamentar por ser teu filho. O amor que tu me deste era doce (...) continua doce, mamãe. Não sou mais o garotinho magrinho, barrigudinho, chorão, ao contrário, maduro e calejado, mas ainda mimado em teu colo de afagos e ternuras.
Ah mãezinha, eu te amo! Amo ad eternum e me permito questionamentos retóricos: porque tens o dom da palavra calada, possuis a perspicácia dos sábios e a parcimônia dos deuses generosos? És solidária em tuas atitudes, capaz e justa em tuas decisões? Vives para nós e, se houver tempo, um pouco para ti mesma? Mãezinha, tua simplicidade é absoluta, contundente, por isso te entendo, admiro, venero.
Desculpa-me, querida, o tempo perdido com lamúrias e discursos contestadores vazios. Perdoa-me os idílios e arroubos de juventude, discutindo contigo as decisões da sapiência nesses tempos de ainda inconsciência.
Não me culpes, eu te peço, desculpando-me outra vez, pela primavera: eu era flor; e tu, jardim; e quando eu era verão, quente e sufocante, tu eras a brisa, a aragem da sombra redentora. Hoje estou no outono, amor eterno, a geada já chega em meu telhado e posso mais claramente entender o inverno que se avizinha quando acaricio teus cabelinhos nevados.
Perdoa-me, mãe, por demorar uma vida para dedicar dez minutos e torná-la perpétua aos olhos dos poetas que trilham os mesmos caminhos tortuosos que esse teu filho, “prodígio”, tu afirmavas, pródigo, ouso corrigi-la pela última vez.
E se mais nada houvesse a dizer, diria emocionada e pausadamente teu belo nome: MARIA.
Parabéns, não por hoje, efêmero dia que se irá, mas pela dignidade, pela coragem e pela leveza de teu Espírito de Luz.
Teu filho