Carta de um menino para sua mãe, escrita por um adulto

Hoje eu acordei e corri para o seu quarto. Mais uma vez não te encontrei. Caramba! já faz um tempão que não vejo a senhora! Sinto uma coisa esquisita aqui no peito. Não sei explicar, mas é algo que aperta e parece que vai sair pela boca.

A última vez que te vi, lembro da tosse. Seca. Insistente. Lembrei das vezes em que eu estava assim e seu beijo me curava. Te beijei um monte de vezes, mas a senhora não sarou. Continuou tossindo.

Até que um dia, não sei porque, não me deixaram chegar até a sua cama. Papai me mandou ir para o quintal. A casa estava cheia de gente. Me levaram para a casa do Tinho. Quando voltei de lá, vi uma caixa preta, que parecia com um barco, ser levada pelo papai, pelo tio Carlos, Tio Jorge e o Virgílio.

Há! lembrei! todos choravam. Me disseram, acho que foi a tia Dirce, que a senhora tinha ido embora. Morar com Jesus. Fiquei assim, sem entender bem, mas como a senhora me falou que Jesus era um moço muito bom, achei que Ele iria te mandar voltar logo, já que a senhora parece que me esqueceu.

Perguntei ao papai, mas ele não respondeu onde a senhora está morando, só chorou.

Os dias estão passando e a cada manhã vou até a sua cama,mas a senhora não está lá e olha que nem no meu aniversário de seis anos, a senhora veio.

Como hoje é Dia das mães, trouxe um presente pra te dar. Mas como a senhora ainda não veio, vou guarda-lo.

Que chato Mãe! vem logo! Não tem mais graça brincar de não vir me ver!

Estou esperando!

Zeca