Que fazer?

E assim aconteceu. Quando chegou de forma intrépida, levou-me a escuridão.

A vela que outrora me iluminava o caminho agora definhava sobre sua própria cera.

Apagou-se! Que fazer?

Enquanto a névoa absorta de sua imagem me envolvia, meus olhos cegaram. Palpito o coração batia fraco.

A janela se abriu e um sopro frio tocou-me a face de uma forma suave. Estremeci!

Tomou-me pela mão e me conduziu à luz.

Ao céu a Lua brilhava intensa e majestosa, imponente e única. O cheiro da terra molhada confundia-me o olfato e não pude senti-la.

Um botão, uma única rosa! Pude vê-la de longe, meu coração tal qual um tambor, bateu forte em meu peito.

Que fazer?

Prostrado diante de sua beleza, velei-a!

O som aveludado de seu desabrochar encheu-me os olhos de lágrimas. Cada pétala que se estendia fazia-me mais humano.

Então percebi que o cheiro forte de minha carne exposta atraiu o lobo que lentamente se aproximava.

Que fazer?

Roguei aos deuses que me devolvessem a vida.

A flor murchou! O sol surgiu e lobo sumiu.

Eu acabara de perder a única chance de ser devorado pelo amor, ser tocado pela paz e ver a vida de uma forma mágica!

Que fazer?