Mães que se Calam... Lágrimas Que Rolam!
Hoje deveria ser um dia especial, afinal, é véspera do dia das Mães, uma data excelente para ir ao shopping comprar um presente bem especial para aquela que nos dá sua vida nos trezentos e sessenta e cinco dias do ano. Entretanto, alguns filhos não poderão fazer isso hoje, e suas mães não têm qualquer motivo para festejar o domingo que chega...
Hoje, essas mães viram a ordem natural da vida se inverter, e preto é a cor que vestem, pelo luto da dor maior que é perder um filho... filhos estes que estavam cumprindo seu dever, trabalhando, com ou sem a farda que diferencia uma polícia de outra, e tiveram suas vidas ceifadas por uma força maligna oriunda de uma facção criminosa chamada Primeiro Comando da Capital... PCC.
O motivo? Retaliação... por conta de uma decisão governamental de isolar os líderes dessa organização a fim de anular as ações que vem acontecendo dentro das penitenciárias do estado.
E, por ironia do destino, isso acontece justamente quando muitos destes integrantes estão saindo em indulto para visitar suas mães, que, certamente, devem ser muito melhores e mais dignas de comemorar o dia quatorze de maio do que as mães dos policiais que eles assassinaram na noite de ontem. Estas mães terão que carregar consigo a dor de verem seus filhos serem baixados à terra, após uma cerimônia solene, aonde as bandeiras estarão a meio-mastro e uma salva de tiros será disparada em honra aos que partiram cumprindo seu dever de manter a lei e a ordem. E o final de semana está apenas começando!!! Será que virão mais surpresas por aí?
Qual a diferença entre essas mães? Não mereciam elas ter um dia feliz e de Paz? Não sei... nem questiono os desígnios de Deus, mas, de qualquer maneira, choro por essas mães que, neste exato momento, sofrem com a dilaceração do seu ser, vendo um filho ser sepultado.
Certa vez, ouvi uma frase que sempre me vêm à mente: “os pais não deveriam jamais ver seus filhos partirem antes deles”... e entendo o que quiseram dizer com isso... é doloroso saber que a dor irá se transformar em saudade, e essa saudade jamais será diminuída nessa existência, até que possam reencontrar-se além dos limites do perceptível pelos olhos humanos. Essa saudade é a que mais dói... a saudade que se iguala a sentir uma dor em um membro que não faz mais parte do corpo... essa amputação sentimental é de cicatrização longa e dolorosa, e deixa marcas permanentes.
Essas mães são verdadeiras heroínas, e merecem todo o meu amor, o meu respeito e a minha homenagem, bem como esses filhos que partiram de maneira tão violenta e repentina... filhos estes, policiais civis, militares, guardas metropolitanos, agentes penitenciários, que foram vítimas de um sistema governista que, durante anos, primou pelo sucateamento da segurança pública em um dos estados mais ricos desta nação.
Sim, foi exatamente isso que vivemos nos últimos doze anos: a cada ano que passa, mais aumenta a violência e os desmandos de quem vive do lado contrário às leis, e são eles quem se armam com dispositivos poderosos, enquanto a polícia vive com um salário medíocre, péssimas condições de trabalho, escassez de meios para que a persecução criminal seja levada adiante para a solução dos crimes, com ausência total de incentivo ao desenvolvimento de uma política de inteligência policial e, principalmente, sem o apoio da comunidade, que cobra providências que nem sempre são possíveis de serem cumpridas.
Hoje, quero dedicar esse texto, ou essa prosa poética, para as mães que estão neste exato momento chorando a perda dos seus filhos, ou mesmo das mães que também foram ceifadas nesse confronto, deixando filhos que chorarão sua ausência e sentirão a perda irremediavelmente. Quero rogar a Deus, nosso Pai Todo-Poderoso, que tudo pode e tudo vê, para preencher esses corações sofridos de amor e conforto para suas almas, pois não será fácil seguir adiante depois de tamanho trauma...
Mães que se calaram por força das lágrimas que lhes rolam pelas faces: nada no mundo poderá lhes trazer novamente o mesmo brilho no olhar que havia outrora, mas, ainda poderão sentir o calor de um novo tempo, que virá certamente, quando a dor mais forte for amenizada, e, mesmo que a saudade insista em latejar, trará consigo as lembranças que as fará recuperarem o viço nas faces e a força de vontade para caminhar.
É, hoje deveria ser um dia especial, e, no final, não o deixou de ser... mas, a entonação com que este dia foi ungido me leva a pedir que cada um faça um minuto de silêncio dentro de si mesmo, para refletir sobre um ponto muito importante em tudo isso que aconteceu nas últimas vinte e quatro horas: será que os Direitos Humanos só funcionam em mão única? Será que algum representante do Comitê de Direitos Humanos irá visitar as famílias desses homens e mulheres que lutavam ao lado da lei e foram mortos no exercício regular da profissão? A quem as vítimas do silêncio e da impunidade poderão chorar a sua dor?
Enfim, por quanto tempo ainda precisaremos chorar por essas mães que se calam para que as lágrimas rolem?
(sábado, 13 de maio de 2006).
(Dedico esse texto aos servidores públicos que tiveram suas vidas roubadas por conta de atos de impunidade, e às suas mães que, valentemente, choram e velam por seus filhos nesse momento de dor e tristeza)
Hoje deveria ser um dia especial, afinal, é véspera do dia das Mães, uma data excelente para ir ao shopping comprar um presente bem especial para aquela que nos dá sua vida nos trezentos e sessenta e cinco dias do ano. Entretanto, alguns filhos não poderão fazer isso hoje, e suas mães não têm qualquer motivo para festejar o domingo que chega...
Hoje, essas mães viram a ordem natural da vida se inverter, e preto é a cor que vestem, pelo luto da dor maior que é perder um filho... filhos estes que estavam cumprindo seu dever, trabalhando, com ou sem a farda que diferencia uma polícia de outra, e tiveram suas vidas ceifadas por uma força maligna oriunda de uma facção criminosa chamada Primeiro Comando da Capital... PCC.
O motivo? Retaliação... por conta de uma decisão governamental de isolar os líderes dessa organização a fim de anular as ações que vem acontecendo dentro das penitenciárias do estado.
E, por ironia do destino, isso acontece justamente quando muitos destes integrantes estão saindo em indulto para visitar suas mães, que, certamente, devem ser muito melhores e mais dignas de comemorar o dia quatorze de maio do que as mães dos policiais que eles assassinaram na noite de ontem. Estas mães terão que carregar consigo a dor de verem seus filhos serem baixados à terra, após uma cerimônia solene, aonde as bandeiras estarão a meio-mastro e uma salva de tiros será disparada em honra aos que partiram cumprindo seu dever de manter a lei e a ordem. E o final de semana está apenas começando!!! Será que virão mais surpresas por aí?
Qual a diferença entre essas mães? Não mereciam elas ter um dia feliz e de Paz? Não sei... nem questiono os desígnios de Deus, mas, de qualquer maneira, choro por essas mães que, neste exato momento, sofrem com a dilaceração do seu ser, vendo um filho ser sepultado.
Certa vez, ouvi uma frase que sempre me vêm à mente: “os pais não deveriam jamais ver seus filhos partirem antes deles”... e entendo o que quiseram dizer com isso... é doloroso saber que a dor irá se transformar em saudade, e essa saudade jamais será diminuída nessa existência, até que possam reencontrar-se além dos limites do perceptível pelos olhos humanos. Essa saudade é a que mais dói... a saudade que se iguala a sentir uma dor em um membro que não faz mais parte do corpo... essa amputação sentimental é de cicatrização longa e dolorosa, e deixa marcas permanentes.
Essas mães são verdadeiras heroínas, e merecem todo o meu amor, o meu respeito e a minha homenagem, bem como esses filhos que partiram de maneira tão violenta e repentina... filhos estes, policiais civis, militares, guardas metropolitanos, agentes penitenciários, que foram vítimas de um sistema governista que, durante anos, primou pelo sucateamento da segurança pública em um dos estados mais ricos desta nação.
Sim, foi exatamente isso que vivemos nos últimos doze anos: a cada ano que passa, mais aumenta a violência e os desmandos de quem vive do lado contrário às leis, e são eles quem se armam com dispositivos poderosos, enquanto a polícia vive com um salário medíocre, péssimas condições de trabalho, escassez de meios para que a persecução criminal seja levada adiante para a solução dos crimes, com ausência total de incentivo ao desenvolvimento de uma política de inteligência policial e, principalmente, sem o apoio da comunidade, que cobra providências que nem sempre são possíveis de serem cumpridas.
Hoje, quero dedicar esse texto, ou essa prosa poética, para as mães que estão neste exato momento chorando a perda dos seus filhos, ou mesmo das mães que também foram ceifadas nesse confronto, deixando filhos que chorarão sua ausência e sentirão a perda irremediavelmente. Quero rogar a Deus, nosso Pai Todo-Poderoso, que tudo pode e tudo vê, para preencher esses corações sofridos de amor e conforto para suas almas, pois não será fácil seguir adiante depois de tamanho trauma...
Mães que se calaram por força das lágrimas que lhes rolam pelas faces: nada no mundo poderá lhes trazer novamente o mesmo brilho no olhar que havia outrora, mas, ainda poderão sentir o calor de um novo tempo, que virá certamente, quando a dor mais forte for amenizada, e, mesmo que a saudade insista em latejar, trará consigo as lembranças que as fará recuperarem o viço nas faces e a força de vontade para caminhar.
É, hoje deveria ser um dia especial, e, no final, não o deixou de ser... mas, a entonação com que este dia foi ungido me leva a pedir que cada um faça um minuto de silêncio dentro de si mesmo, para refletir sobre um ponto muito importante em tudo isso que aconteceu nas últimas vinte e quatro horas: será que os Direitos Humanos só funcionam em mão única? Será que algum representante do Comitê de Direitos Humanos irá visitar as famílias desses homens e mulheres que lutavam ao lado da lei e foram mortos no exercício regular da profissão? A quem as vítimas do silêncio e da impunidade poderão chorar a sua dor?
Enfim, por quanto tempo ainda precisaremos chorar por essas mães que se calam para que as lágrimas rolem?
(sábado, 13 de maio de 2006).
(Dedico esse texto aos servidores públicos que tiveram suas vidas roubadas por conta de atos de impunidade, e às suas mães que, valentemente, choram e velam por seus filhos nesse momento de dor e tristeza)