Quando fala o coração - Carta I

Definitivamente estou cansada. Estou cansada de pensar em você, de remoer nossas lembranças, de reviver nossos momentos, de achar que amanhã nós teremos outra chance quando na verdade eu não sei e nada ou ninguém me aponta uma direção. Sabe, não dá pra mudar nada no passado, nem as coisas boas nem as ruins, mas é dele que a gente vem vivendo todos esses anos.

A vida nos apresentou e nos deu a chance de trilharmos o caminho que queríamos, aquele que julgávamos correto para nós. E cada um seguiu sua vida apostando naquilo em que acreditava. Erros, fracassos, tristezas e desilusões foram vividas por mim e por você, a diferença estava nas pessoas que estavam ao nosso lado e como cada um de nós reagiu diante das situações. Queria entender o que há entre nós dois, mas me vejo sozinha nessa tentativa porque o teu silêncio prevalece sobre o meu.

Já não me importo com o que você vai pensar, mesmo porque eu nunca sei o que você pensa mesmo. Não imagino o que você vai sentir, pois já me acostumei com idéia de nunca saber realmente. Não sei o que você vai fazer, caso ache que precise fazer alguma coisa.

Hoje quero falar de mim, do que quero e do que sinto sem me importar se você vai rir, entender ou se surpreender.

Eu gosto de você. E antes que você se pergunte o quanto, eu lhe digo que o suficiente para vivermos tudo que nossas mentes nos permitam imaginar e nossos corpos aceitem viver. O grande problema é que não estávamos sozinhos ou disponíveis, ao mesmo tempo, um para o outro. Destino ou Azar? Prefiro não classificar.

Eu sinto sua falta. Falta das nossas conversas, das nossas discussões a respeito de tudo, da sua seriedade e das minhas brincadeiras, porque assim eu aprendia a ser um pouco mais adulta e você, a ser um pouco mais criança. Sinto falta da companhia pra olhar a lua, pra dividir o silêncio, pra dividir a noite.

Eu me lembro de você. Sempre me pedindo pra não “crescer”, pra ser mais eu, pra tomar conta de mim.

Eu desejo você. Com todas as faces que você possui, com todas as vontades que você tem. Sem pressa, sem medo, sem dúvidas, sem culpa, sem remorsos. Pelo menos uma vez pra realizarmos tudo que nossos sonhos produziram e nossa razão impediu de acontecer. Com uma sede que não há nada que sacie, que vem de repente, que cresce com a distância e me consome diante de tua ausência.

Eu quero você. Como um dia pensei ser impossível. De uma forma que nunca terei. Do meu jeito, imperfeito, mas que é meu e que só eu conheço. Sem tentar buscar explicações pra tudo, sem pensar no fim, sem saber se você sente o mesmo que eu, na mesma intensidade, e mesmo assim preferir não saber, apenas viver o momento.

Será que respondi parte das perguntas que você nunca fez? Tirei alguma das suas dúvidas? Será que te tranqüilizei ou isso vai te atormentar mais ainda? Eu só não poderia ir embora sem deixar você saber a parte de mim que eu sempre procurei saber de você.

Não desejo com isso resgatar o passado ou modificar o presente, apenas espero viver o bastante pra ouvir você contar sua parte nessa história, já que eu fiz a minha parte.

Denisia de Oliveira
Enviado por Denisia de Oliveira em 19/04/2009
Código do texto: T1547374
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