Cor...

Disseram-me que as cores foram criadas de cada um dos estilhaços da primeira luz que a esfera flamejante chamada sol lançou sobre o nosso pequeno planeta. Eu não acredito nisso. Embora seja cientificamente comprovado, eu realmente não posso acreditar nisso.

Eu vejo cada um dos espectros das cores, mas eles parecem tão incolores, ultimamente, não sei o significado de cor.

Para meu desespero há variações de cinza numero um para cinza numero dois. Isso é ruim, muito ruim. O cinza pra mim é ausência da vida, dos sentimentos, da emoção; uma placa de aço é rígida, e é firme, e forte, e fria e invariavelmente da cor cinza. A placa, com o nome dela, ainda reluz naquela treva cinzenta e bela, sempre me acompanha, pairando sobre o meu coração. Ainda seguro e faço preces, como um sacerdote faria a uma cruz de Cristo, mas faço preces em nome dela. “Fer, o que eu vou fazer agora é por ti”. “Me perdoe por isso, mas tenho que fazer, meu amor”.

Sinto-me destruído ultimamente, vulnerável, vulnerável, sinto que finalmente a minha presença deixou a companhia dela. E isso me destrói, porque me sinto solitário – mais uma vez – um homem solitário. Minha sina? Espero que não, eu realmente espero que não. Não sinto que nosso passado não tenha ‘passado’ em vão, tu sorriste, é o suficiente para eu pensar que eu te fiz feliz, mas eu te fiz?

Sinto tua presença cada dia, sinto que quanto mais distante de fato tu estás de mim, mais perto ela fica. Sinto-me enlouquecer de pouco em pouco. Sinto que o rasgar das areias do tempo no assoalho da minha vida tenha se revoltado... E um inferno tórrido agora se encontra no lugar onde rostos sem face vivem.

Eu vivo em um inferno onde os demônios descascaram as pessoas ao meu redor e vestiram suas peles. Onde a tortura de não te ter esta presente a cada janela, cada espelho que aparece, cada vidro. E me sinto em uma floresta de cimento com vidro, me sinto esmagado, perdido e sufocado sem ao menos ouvir tua voz.

Lembra de quando gastamos muito em telefone? Falávamos todo o dia, riamos, trocávamos juras de amor, juras de amor eterno. O que aconteceu com tudo isso? Não sumiu aos poucos, nem foi de repente, apenas, o que aconteceu? Eu me sinto destruído.

Vou lutar, sei que vou, toda minha vida por teu amor, sei que posso nunca conquistá-lo, sei que posso passar minha vida inteira em dores por ti, mas só às vezes eu sinto fraqueza. Sabe muito bem como eu sou, odeio esperar as coisas acontecerem.

Não vejo mais cores, não, não adquiri visão monocromática, elas apenas não parecem ter a mesma graça. Será que você vai ler esse texto? Não sei, mesmo, se você lerá. Será que ainda olha a tua agenda e vê tudo o que passamos? Não arrancou nenhuma página e nenhum recadinho?

Ainda lembra de tudo que eu te falei? Não sei, palavras não são eficazes, são sempre esquecidas. Mas, eu lembro. Eu lembro o que eu te falava cada noite que eu te observava dormir, cada noite que tu sorria sentindo os meus dedos em tua face, ah, como tua imagem em minhas memórias é linda. Tudo que eu vejo em ti é lindo, mesmo o que tu mais odeia em ti, quando eu brincava contigo sobre isso, sabe muito bem, eu acho cada parte do teu corpo bonita, eu, que já desbravei todas.

Cada curva, cada centímetro. Pra mim é como uma obra de arte, e, tentei encontrar defeitos para amenizar a dor de ter que entregar ela para alguém. Para que, o valor fosse menor na hora de pagar. E sabe, nunca foi. Tu continuas sem preço pra mim, na verdade, eu daria meus olhos, minha visão para ter uma única chance só, daria minha audição, a capacidade de sentir o que mais amo – a música – só para poder tocar teus lábios de novo. Não sei se isso caracteriza um desabafo, não sei mesmo, mas eu só estou escrevendo, sabe que é a melhor coisa que faço fora da cama.

Será que tu vai ler? Eu não sei. Eu não espero que leia, pareço não ter mais importância pra ti, pareço que sou apenas uma sombra do que – pelo menos era – teu melhor amigo. Antes de noivos, fomos namorados, antes de namorados, melhores amigos. O que eu me tornei, minha doce amiga? O que eu me tornei? Eu não sei responder, eu não sei responder.

Sinto dor, sinto muita dor por te ter longe, muita dor por tu não estar mais comigo, mas, quando eu vi teu sorriso perdido em algumas fotos de outras pessoas. Senti meu coração rasgar, mas me senti feliz. Se tu está sorrindo, pra mim, eu me torno irrelevante. Sempre vou ser assim, não é algo que possa mudar.

“Sabe Fer, às vezes sinto que tu me amas mais do que eu mesmo”. “É que você não vê o quanto é especial”. Eu não me vejo mais tão especial, não me sinto, eu me sinto um legitimo nada.

Eu me sinto destruído. Eu me sinto, eu não sei como me sinto. Tento procurar alguém pra me fazer companhia, sem sucesso, como se fizesse alguma diferença, como se fosse melhor do que tu. Mas todos falam, para eu parar de falar de ti, parar de te elevar a algo magnífico – o que és, pra mim – que isso só enche teu ego, que é isso que quer de mim.

Se for isso que deseja, farei sempre – pois as mesmas pessoas dizem e com certa razão, estou na palma de sua mão, estou lá, esperando tu me pegar carinhosamente ou fechar os dedos com força e me machucar. Mas estou lá, pra ti. É estranho, mas tu não pareces alguém que liga para isso – ou é cruel o suficiente para manter isso.

Modifiquei certas coisas em minha vida, para não lembrar de ti – mas, sabe muito bem, que ainda sempre deixei um pouco das minhas memórias. Tu me fizeste feliz nesse verão, o que não consegui sentir durante 18 anos. Ah, como eu fui feliz contigo. Eu tentei, tentei com todas as minhas forças, te deixar feliz também, será que não tinha força o suficiente? Será que eu ainda preciso crescer mais? Acho que sim. Não me sinto pronto pra ti.

Tenho um medo terrível de te machucar – de novo, sabe disso, se sabe disso, entende que eu nunca te machuquei por que quis, porque queria me vingar. Eu apenas pensei estar fazendo algo para te ajudar, o certo – eu senti raiva, senti, admito, qualquer um sentiria, mas eu me puni por isso, eu senti raiva de mim, e nesse dia eu só não quebrei minha mão porque eu tinha uma luva de boxe para proteger ela.

Não te contei isso, né? Mas te contei que dormia antes apenas com remédios e que comia apenas um pão por dia. Dormia de tarde e acordava em lágrimas. Esse pedaço do inferno já convivo, voltei ao normal.

Mas ainda vivo em um inferno. Longe de ti. Tenho todos os meus ressentimentos. E o meu maior medo às vezes me atormenta. Atormenta mesmo. O que eu sou pra ti? Um amigo? Um idiota? Apenas um ex namorado? Eu não quero deixar de falar contigo, mas, eu me sinto intimidado por ti, não sei, tão distante, mesmo tão próxima. Não é totalmente o contrário do que sentíamos antes? Pelo menos do que eu sentia antes.

Eu te amo, Fernanda. Eu sei que sabe disso. Eu sei que sabe que vou ser teu o resto da minha vida, que eu vou te amar pra todo o sempre, e que eu vou morrer te amando, com ou sem você do meu lado. E eu só queria, dizer, depois de tudo isso, é que eu... É que eu realmente, realmente... Te amo.

Tanauã Dias Martins
Enviado por Tanauã Dias Martins em 18/04/2009
Código do texto: T1545426
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