pedro
há uma semana púnhamos um ponto final na nossa história. surpreendi-me a mim mesma porque nunca pensei ser tão sensata e deixar-te queixar, lamentar os meus procedimentos. dizias: “porque tu isto, porque tu aquilo”. tu escapavas inocente. eras a vítima da minha verdade, da minha crueldade involuntária. depois de teres saído eu suspirei de alívio. a minha memória percorreu um ano inteiro de beijos e abraços. e discussões.
recordo-me que nunca quis mais que uma cumplicidade. quando dei conta estavas a viver na minha casa. fiquei de súbito sem o meu espaço. reclamei-o vezes sem conta. fartei-me de ver as tuas roupas arrumadas no meu armário. e um dia não me contive e expulsei-te.
foi uma das muitas feridas que te causei. entretanto, deixaste de suportar a minha liberdade, a minha tristeza, a minha necessidade de abstracção e até a minha sinceridade.
não creio que algum dia me amaste. e muito menos eu a ti. eu sou aquela que sabe dizer não. sou também aquela que pensa solitária e que se entrega ao sonho.