À minha mãe

Oi, mamãe! Tudo bem?

Nestes dias, fiquei pensando em como estaria sua vida 30 anos atrás. Você devia estar com um barrigão enooooorme, né? Morando na casa da Boa Vista junto com o papai.

Você ainda não sabia que era um menino, não é? Porque naquela época não tinha ultrassonografia. Como deve ter sido o pré-natal... os exames... tudo com tratamento do SUS, né? O preparativo do enxoval... E chá de bebê, teve?

A situação financeira era bem difícil, então imagino que você tinha muitas preocupações quanto ao futuro. Eu estava para chegar... Como seria? O que aconteceria? Uma “mãe de primeira viagem”, muito jovem, recém-casada.

Imagino a cara do papai, com a mesma calma de sempre. Ou era diferente? Não creio. Só mais novo seguramente, mas com o mesmo lema eterno: “não adianta apavorar”. Ele já falava assim naquela época?

Pior que essa fase, imagino que tenha sido o momento em que você descobriu que estava grávida. Só você mesma sabe o que passou, não é assim? Deduzo algumas coisas naturais para tal situação: medo, questionamento, insatisfação, tristeza, arrependimento. Claro que poderia ter sido diferente. Mas foi exatamente como foi. E eu, especificamente eu, agradeço por ter acontecido como aconteceu. Ou a minha vida teria sido bem diferente.

Você me disse que naquele momento difícil teve a sorte de poder contar com o apoio incondicional do papai. Só dele. Quanta gente contra, pressionando, influenciando, piorando tudo.

É... 30 anos se passaram. Acho que você jamais imaginaria que nossa vida seria como é hoje, não é?

Nós mudamos de casa, de religião, o papai mudou de trabalho várias vezes. O Rafael nasceu para a alegria de todos! Aumentamos a casa. Terminamos a reforma que durou muitos e muitos anos. O papai abriu a oficina. Eu me formei. Você voltou a trabalhar! Voltou a estudar! Tirou carteira de habilitação! Fui para o Japão, para a Espanha, e o Rafael para a Alemanha. Quanta coisa aconteceu... O quanto nossa vida mudou, melhorou.

Nessas três décadas, sei bem que dei trabalho, fui chato, sistemático, exigente, causei tristeza e preocupação. Mas pelo menos sei também que proporcionei alguma alegria aos vétios e muito orgulho também. O mais legal é que somos muito amigos, eu e você, e podemos contar sempre e tudo um para o outro, não é?

Por isso tudo, peço desculpas pela parte ruim e agradeço muitão pela super mãe que você é! Isso até parece papo de dia das mães. E é! O dia 18 de março é o dia em que você se tornou a minha mamãe, hoje uma jovem mãe de um homem de 30 anos.

Um beijão, com todo o meu amor e carinho!

Helinho

(São Carlos, 05/03/2009)

Hélio Fuchigami
Enviado por Hélio Fuchigami em 29/03/2009
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