QUE FIZESTE DAS CARTAS?

Sabes aquelas missivas de amor?

Acordas-te delas, minha querida?

Pois onde estão?

Que fizeste delas?

Terias, porventura, lido-as?

Miraste-as de soslaio,

de través, ao menos?

Ou as terias tu ignorado,

a todas aquelas palavras tolas e apaixonadas

Que eu te escrevi?

Acordas-te, agora?

Intenta lembrar, pois, então.

Se as leste, por que não mas contestaste,

se sabias que a cada minuto eu as esperaria?

Se sabias que eu estaria dia e dia,

desesperado, louco de ansiedade,

esperando as tuas respostas.

Por que, querida, não mas contestaste?

Por que as ignoraste, e me ignoraste, idem?

Não sabes o mal que me fizeste;

Ou não... sabes sim! Sabes, e já o fizeste por mal.

Eu, a pouco e pouco, definhava, desesperava

Me abichornava dia a dia, a pouco e pouco

Esperando tuas respostas

Tardas, que nunca vinham...

Tuas respostas inexistentes, a verdade...

O que me querias fazer?

Me iludir?

Ou não, querias me desenganar,

mostrando que me ignoravas e que não me amavas...

Querias revelar-me o vilipêndio que tens por mim?

Querias, pois, tu ludibriar-me?

Ou teus intentos eram apenas de me torturar,

de me massacrar e me fazer sofrer?

Era isso, então. Não?

E fizeste bem, tão bem o teu trabalho,

Que me enganaste de todo,

Me sangraste o coração

Destituíste-me o valor de homem

Que eu possía.

Tu deves saber que sofri,

malgrado não saibas o quanto;

mas sabes, sim, que sofri

E que muito chorei,

conjeturando que alguma cousa grave

te impedia de contestar-me as minhas cartas.

Mas depois que vim a saber que estavas bem

E que nada te poderia ter impedido

De lê-las e de respondê-las,

dei-me conta de que, na verdade, tu as ignoravas.

Mas, meu amor... que fizeste com as cartas que te mandei?

Porventura as usaste para aquecer tua lareira?

Ou talvez as tenha queimado e lançado ao vento,

como quererias fazer ao meu amor?

Dize-me, que fizeste com as cartas?

Ora, antes que viesses, também,

a dar fim a esta derradeira missiva,

sabendo eu que o poderias fazer,

Pedi ao moço do leite

que a lesse para ti.

Sei que ele lerá,

E me quedarei aqui,

À espera da tua resposta

Que, certo, não tardará,

eu espero...

Luiz Carlos Martins B Bueno Dantas de Oliveira
Enviado por Luiz Carlos Martins B Bueno Dantas de Oliveira em 25/03/2009
Código do texto: T1505199
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.