Uma carta anônima

Oiii... Como vai você? Eu vou bem, obrigado!!!... Estava conversando comigo mesmo quando me lembrei de você. A conversa era séria, até demais para o meu refinado gosto. Eu chorava, eu cantava, eu gritava, mas em compensação, eu só ria, quando falava com Deus. Pedia a Ele que diminuísse a distância que agora nos colocam nos extremos de uma cruz. Você no norte eu, no frio sul.

Infelizmente não sei se você pode ouvir-me através dos ventos que sopram dos montes em direção ao mar. Prédios e mais prédios, atravancam as correntes sonoras que partem de mim, abafando minhas palavras e, às vezes, gritos.

A saudade parece uma coisa boba. Se deixarmos que cresça demais, acaba nos atormentando mais do que realmente deveria. Motivos para isso têm de sobra: apertos de mãos, beijos, abraços, palavras pelas metades, noites mal dormidas. Tudo isso, sem falar nas horas que o relógio, teimosamente, não registra. É até engraçado ficar pensando nessas coisas todas, assim me pergunto: por que você viajou? Não encontro respostas, elas não existem e se existissem, seriam no mínimo, falsas.

Às vezes me sinto um homem só, alguém que não existiria se não fosse por conta de um velho CPF, um número qualquer que combina com um dígito verificador. Às vezes tenho vontade de pedir ao meu ilustre chefe, uma carta de apresentação, só assim, terei a certeza da minha existência.

Sua falta me faz sentir um ser ausente, um amante ímpar. Enquanto separados, seremos dois inteiros divididos, duas metades de uma laranja de beira de estrada. Talvez eu seja mais um daqueles amantes que ainda manda flores, por isso estou tão preocupado com essas relevâncias cotidianas. Beijos pra mais de mil e não se esqueça de mandar notícias, mesmo que através da fumaça, como faziam os índios.

Beijos, beijos, beijos!!!...

Pedro, seu fã.

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 04/05/2006
Reeditado em 05/05/2006
Código do texto: T150289
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