Uma pequena declaração de amor
(Continuação da última carta)
Não sou requisitado pelos versos que sopro. Sou apenas um rueiro que clama por um olhar teu, que louva a tua beleza. Que ressuscita as serenatas do Romantismo.
Sou um rústico jardim que surgiu alimentado pelo teu sorriso. Que falece quando ouve o teu pranto. E felicita com o teu perfume, que fulmina as minhas tristezas.
Tu és essa chama que inflama pelos meus poros, tu és esse rio que purifica a minha alma. És toda beleza que humilha os mais raros fenômenos naturais desse chão que piso, chão de um mundo que desenhei em minhas saudades, para que pudesse te encontrar enquanto sofria com a tua ausência – neste meu mundo tudo é tão real quanto esta paixão que sinto por ti. Neste meu mundo as rosas são de todas as cores, as nuvens são imensas e bem contrastadas, há lagoas e montanhas, há cânticos de pássaros e brisas que penteiam os campos. Neste meu mundo tu permaneces do meu lado, abraçados, sempre cochilamos sob a sombra de um pessegueiro que nos cobre com suas pétalas.
Te amo demais.