Querido amor,
Hoje reacendeu dentro de mim aquela rosa. Aquela rosa estranha sem espinhos, tão estranha que nem cor tinha. Apenas flameja como cigana em êxtase sublime, neutra e serena. Uma rosa intangível, de perfume irreconhecível e de beleza inexplicável.
Hoje soprou em minha alma, aquele vento puro, parido do alto dos picos dos Alpes. Aquele vento que refrescou pinheiros, correu rios, vento que sarou meus prantos. Sarou meus olhos.
Hoje aquele mesmo céu sorriu para mim. Primeiro azul, depois anil, mais tarde vermelho café e em fim as estrelas. Aquelas mesmas estrelas do meu primeiro beijo, daqueles abraços, daquele conforto que eram teus braços.
Hoje as árvores dançaram pra mim.
Hoje meu corpo inteiro árduo, tornou leve e suportável.
Hoje descobri aromas. Hoje desvendei as cores. Hoje cantei, mudo, num tímido timbre de pensar.
Hoje ressoei em meus ouvidos o seu pequeno “eu te amo”
Hoje envelheci várias vezes de tanto sorrir.
Com carinho, PR.