Chegou-me aquele que tanto esperava
Hoje, finalmente após tanta desventura, me desfiz de tudo que logo ao partir me deixaste. Por sobre a penteadeira recolhi dos os teus perfumes que ficaram, exacerbados em sua fragrância sofrer, todos, juntos com os teus batons do jurar, os juntei, coloquei-os na caixa do perdoar(mesmo que ainda não me seja o tempo) junto dos teus beijos tormentos que ficaram por sobre o espelho do banheiro. Sempre me impediam de me ver nos olhos.
A poltrona que sentavas logo ao anoitecer e assim miravas em meus olhos com teu riso vil e leviano; queimei. Aquele tecido velho recheado de amargura já não cheirava bem, e não daria á alguém algo que sou incapaz de usar, por isso queimei.
Teu vestido longo e vermelho das lembranças, cortei, juntei um bocado de lágrima passada a tesoura do efectivo e fui fazendo retalhos, talvez possa uní-los em algo que me anda falto, rasgado, talvez usar como cura, numa ferida ataviar, mas nunca, saiba : Nunca mais misturar aos teus perfumes do sofrer. Lá não estará teu cheiro, tão pouco dor, inda que em retalho lhe possa ter.
Teu sapato da indiferença, não mais engraxo, tão pouco tento fazer com em outros pés caibam, não mais. Cada um caminha com o calçado que lhe apetece, e esse, na minha casa do viver não há-de ter um canto.
Hoje, inda mais que ontem, o amor chegou-me, entrou pela porta, deu-me um abraço apertado e único e por isso resolvi tudo trocar, guardar até conseguir a coragem de jogar no quintal do esquecimento, sinto que pouco me custa.
Ao chegar assim aconselhou-me o amor:
Se desejas tanto que cá fique, é melhor toda a mobília trocar.