Homenagem quase póstuma

Deveras, poder suportar tamanha dor profundamente extensa e intensa, aquecer , paralisar e gelar ao mesmo tempo meu peito sofrido ? aleatoriamente profiro escolhas e opto sempre por ti. Mesmo sabendo que nosso amor sob o fogo deveras intenso, um dia deixou de existir. Propago e procuro a luz da saída em meio a escuridão, em meio ao sombrio verter do coração dos aflitos, do túnel extenso dos que não chegam nunca... nunca esquecem, nunca deixam de amar. remando sem remos, lançando-me a correnteza sem medo, sem coletes. Ó algoz dos algozes, por que feristes meu coração tão mortalmente? Por que não marcastes dia e hora para meu fim? Por que não acaba com esta torturante aflição da espera? Por que adias a morte desse pobre coração apaixonado? Por que combinas traiçoeiramente com a solidão manter-me em cativeiro? Por que não fazes o que deves fazer, não matas o que tu fazes como oficio e prazer? Por que insistes em atrasar o relógio do fim e me fazes carregar o peso das horas infinitas, e do tempo? Por que transgrides as regras do fim e não me permite morrer logo, em paz... Sei que descansarei nos braços do apogeu. Da aurora que não chega. No fragelo da opressão e da obsessão. Na inquietante sutileza dos que partem desprovidos de esperança, abandonados... secos, vazios... quisera ter o domínio do tempo e a chave do alivio dos que choram por seus amores perdidos, tomaria e os libertaria de forma secreta e justa e os deixaria enfim partir anônimamente. Como aqueles que rangem os dentes e gritam por um amor que não é correspondido. Adiar o fim do amor é como converter em gotas de sangue seus minutos. E vê-lo verter aos poucos por entre os dedos, morrendo sob a calada da noite, sob a madrugada enfim. O que fazer se sou ré confessa e condenada. Se minha sentença é viver amando e querendo, sofrendo por meras migalhas do teu amor? Ó algoz, deixe-me partir em paz e descansar desta frenética procura. E viver pela eternidade pensando no nosso amor, tentado talvez em vão , amar-te além da vida, além de ti, além de mim, além do infinito....

Darléa zacharias

06/03/2009

Darléa Zacharias
Enviado por Darléa Zacharias em 06/03/2009
Código do texto: T1472352
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