Indigno procedimento

Tenho 48 anos e sou mãe de 3 filhos, um deles já com 28 anos e casado , os outros, respectivamente um rapaz com 15 e uma menina com 14 anos, feitos no passado sábado dia 28 de Fevereiro.

Nunca gostei de a deixar sair á noite , precisamente porque não tem idade para tal, mas neste sábado passado, devido a tanto mo pedir, consenti, não só por ser o aniversário dela mas também porque entendi que nada tinha de mal uma saída com amigas á noite…uma vez sem exemplo...desde que a sítios próprios e eu a acompanhasse claro!

E assim lá fomos, elas ,todas pelos 14 e 15 , o irmão de uma delas, e eu, a ‘kota’ como me chamam.

Decidimos ir a Setúbal, na avenida Luísa Tody , a um bar onde já fui com meu marido e achei muito discreto, musica agradável, achei próprio para a idade delas, mas…nestas idades existe sempre um ‘mas’, têm seus gostos muito próprios, e como tal, não gostaram, pareceu-lhes mais próprio para ‘kotas‘ como eu claro!

Pediram para irmos mesmo a uma discoteca, gostavam de dançar um pouco, mas que eu saiba, nas discotecas , por lei apenas podem entrar a partir dos 16 anos!

Lembrei-me então de um outro sitio fora de Setúbal, onde também já estive e o ambiente era jovem e descontraído, tinham ‘karaoke’ e musica agradável, talvez lá pudessem entrar, e como eu conhecia o ambiente, não me preocupava com o «será ambiente próprio para menores?»

Quando lá chegámos os porteiros perguntaram de imediato a idade delas, reparei que ali cumpriam a lei, sinceramente fiquei feliz por saber isso, e fiquei ainda mais fã do local, mas triste por elas, coitadas, não conseguiam divertir-se um pouco, ainda lhes disse que era mãe da aniversariante e responsabilizava-me por elas, fiquei á espera da reacção deles e não foi surpresa nenhuma quando pediram os bilhetes de identidade e disseram que não era por mal mas a lei não perdoava e sendo assim nem mesmo comigo poderiam entrar, ri-me, agradeci e fomos embora.

O miúdo que estava connosco, perguntou então porque não irmos a uma discoteca também fora de Setúbal mas muito apreciada e como tal procurada pelos jovens, só conhecia o sitio pelo nome, nunca lá tinha entrado.

Pensei:’Bem… não acredito que os deixem entrar lá também! Mas enfim, melhor irmos até lá para ouvirem o mesmo que aqui e assim tiram isso da ideia!’

Mas qual não foi o meu espanto quando lá chegámos e ao perguntar á senhora que estava á entrada e a um dos porteiros se elas podiam entrar, não se dignaram responder-me, nem lhes perguntaram as idades, deixando-os entrar logo, apenas preocupados com o respectivo pagamento dos rapazes (5 euros).

As miúdas começaram a entrar e eu limitei-me, estupefacta, a segui-las, já agora estava curiosa para ver como era o ambiente lá dentro. Soube entretanto através do miúdo que os colegas de escola delas, secundária, costumavam lá ir periodicamente. Sendo assim, como eram crianças praticamente com idades máximas de 14 anos, é porque o ambiente era próprio para a idade deles, pensei!

Estavam muito poucas pessoas lá dentro e pelo que me apercebi a musica agradava-lhes.

Procurei uma mesa confortável, sentámo-nos, e não passou muito tempo para que começassem a chegar muitos mais miúdos e alguns mais graúdos. A musica começou a ficar mais alta e a pista a encher-se , um ambiente próprio de jovens. Até aí, tudo de certa forma ‘normal’!

Depois de algum tempo a escutar aquela musica e desejando que o tempo passasse rápido para os levar para casa, tinha tido um dia cansativo, e sentia-me cansada, decidi que eram horas de nos irmos embora, pediram para ficar mais um pouco, (apenas mais meia horinha! Imploravam) , embora meio contrariada, lá concordei e até tentei dançar um pouco ao pé delas. Como me sentia meio ‘deslocada’, decidi ir até a mesa que ficava junto ao sitio onde colocam a musica, (onde estão os DJ) uma zona um pouco mais alta que a pista, tencionava sentar-me um pouco, mas nem cheguei a sentar-me porque estavam outros casacos a ocuparas cadeiras e um senhor que me pareceu um dos seguranças, sentado, o que estranhei por ser segurança, mas…(aquela era a única mesa naquela zona), encostada á parede, e de onde por vezes saía uma espécie de fumo para ‘fazer ambiente’. Pois foi o que começou a acontecer nesse preciso momento, e qual não foi o meu espanto quando vejo aparecer uma ‘menina’ a dançar em trajes bem íntimos e provocantes, mesmo na zona próxima a mim, a minha primeira reacção foi: Não acredito! Mas que se passa aqui? Estão aqui menores! Afinal isto é uma discoteca ou um cabaré? Mas…mesmo assim fiquei na expectativa de que não passava de uma ‘dança’, as pessoas responsáveis por aquele sitio não podiam ser irresponsáveis ao ponto de colocarem ali uma ‘striper’ sem avisar que não podiam entrar menores! Mas…mais uma vez me enganei e espantei! Aquela ‘menina’ não só fez uma sessão de ‘strip’ , como puxou um espectador para umas cenas bem ‘insinuantes’, despindo-se completamente e esfregando-se de todas as formas possíveis e imaginarias no jovem rapaz , ao mesmo tempo que a ’plateia incentivava, uma cena lamentável e indecorosa a meu ver, devido á presenças dos menores!

Quando a ‘representação’ terminou, procurei a minha filha e as amigas, estavam a dançar junto a uma parede perto de um dos bares , disse-lhe, novamente, para nos irmos embora, , mas nem deu tempo a que eu terminasse de falar e já a tal ’striper’ voltava a actuar no respectivo ’palco’ , concordaram que nos iríamos embora, depois de mais uma musiquinha , comecei a irritar-me e disse-lhes que não, pois apenas iria á casa de banho e sairíamos já dali.

Aí, já mais atenta, aproveitei para dar uma vista de olhos a meu redor e ver o que afinal se passava naquele sitio .Apercebi-me que não só consentiam que fumassem dentro do recinto ,que era fechado, como serviam qualquer bebida alcoólica sem se importarem se eram menores ou não. Voltei á pista para irmos buscar os casacos que estavam na mesa e fiquei um pouco a olhar alguns jovens que dançavam e riam de uma forma onde se denotava que estavam alcoolizados. Será que os pais daqueles jovens saberiam o que ali se passava?

Senti uma revolta enorme contra aquelas pessoas inconsequentes e sem escrúpulos (era óbvio que ali o lucro falava mais alto que a lei e o bom senso) , era dever deles colocarem cartazes e avisarem logo á entrada o que se iria passar lá dentro e sendo assim não poderiam entrar menores !

Senti-me culpada por não reparar anteriormente no tipo de sitio em que estava a entrar com as miúdas, deveria ter visto logo isso pela atitude da ‘senhora’ á entrada, não eram elas(miúdas) as culpadas mas eu por não estar atenta ás evidências, e os donos daquela discoteca por tal comportamento.

Se querem ter sessões de strip ou qualquer outro espectáculo para adultos, que o façam, são livres para tal (embora me pareça que as designadas discotecas não têm autorização para tal), o que condeno ali é, não só deixarem entrar menores sabendo que decorrerão tais espectáculos , como consentirem que fumem e lhes sirvam bebidas alcoólicas.

Vim a saber mais tarde que além destas sessões com ‘striper feminina’ também

existem sessões com ‘striper masculino’ onde o procedimento é também o nu integral e o mesmo tipo de ‘dança’ (neste caso o convidado da plateia é uma jovem e não um rapaz claro!)

Os meus filhos, enquanto menores, lá não voltarão, porque não consentirei, assim como a nenhum outro sitio do género, não porque eles não saibam o que é o sexo ou como se pratica, ou até que aqueles tipos de espectáculos existem, mas porque têm bastante tempo para ‘serem adultos’, tudo a seu tempo!

Quanto aos pais de menores, que lá os vão levar para depois os irem buscar mais tarde, ou os deixam ir julgando tratar-se de uma ‘inocente discoteca de jovens’, seria bom que pensassem bem e os acompanhassem ou fossem ‘dar uma vista de olhos’ enquanto lá estão os filhos, tenho a certeza que se surpreenderiam , e não seria na certa pela positiva!

Podem chamar-me ‘bota de elástico’…’careta’… etc. e tal…mas acreditem que não é por isso que resolvi escrever isto, mas por indignação apenas, pelo desrespeito que nutrem estas pessoas( donos de certos bares e discotecas) pelos nossos jovens menores e pela lei, e na esperança de que alguns pais que assim como eu têm filhos nestas idades possam ler isto e passem a estar mais atentos a alguns sítios que os filhos possam frequentar, pois são jovens, e como tal, facilmente influenciáveis na sua maioria, podendo tomar caminhos que lhes possam arruinar a vida.

Os jovens têm direito a se divertirem, e devem aliás, mas em ambientes saudáveis, sem serem tão ‘prematuramente agredidos’ de forma tão indecente.

É apenas a minha opinião, claro!

Fátima Rodrigues

04.03.2009

Fatima Rodrigues
Enviado por Fatima Rodrigues em 05/03/2009
Reeditado em 05/03/2009
Código do texto: T1470036
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