Sopro de saudade

E assim que o dia amanheceu vi meu rosto deformado, maltratado pela insonia da noite anterior e até ignorado pelos sentimentos que saiam de mim na sua despedida, se é que pode-se chamar essa cena mediocre que você criou de despedida.

E assim que amanheceu vi meu rosto suplicar ao meu coração pra que nada disso fosse verdade e ante o espelho vi meu coração chorar, como uma criança, e até hoje não sei explicar direito o por que daquelas lágrimas tão suplicantes e constrangedoras.

Meu corpo sentiu um cansaço repentino mas minha alma me pedia pra sair correndo e quem sabe evitar esse olocaustro que havia se passado diante de mim e assim foi... Corri ao seu encontro, ou seu desencontro, melhor dizendo, perdi os sentidos assim que te olhei de frente e tudo o que precisava ser dito se calou como se nada existisse entre nós, como se eu nunca houvesse se quer tocado em você e algo entre nós se dissolveu como pó.

Te ver partir foi pior, muito pior do que ter que ficar, e ficar não foi tão pior do que o silêncio provocado pelo último desencontro.

Depois disso nada de você aqui, apenas a sua voz que ainda me era preciso as vezes, pra dormir em paz, ou pra viver em guerra comigo mesma... ainda não sei.

Depois de você apenas a camisa que deixou vida em seu lugar ou fragmentos dela, jamais deveria tê-la aceito como resposta a uma pergunta tão simples que jamais quis me responder...

Com você, meu presente e mais um pedaço de mim, que mesmo sem saber fiquei na sua bagagem, marquei a sua história, jamais serei esquecida.

Você pode até beijar outros lábios como hoje sei que o faz, mas nunca poderá esquecer que beijou o meu ou eu beijei o seu tanto faz, já não é tão importante quem foi melhor ou pior nesse conto.

Você pode até rir de outras maneiras, de outras besteiras e até de você mesmo, mas além de rir vai lembrar, sempre vai que ao meu lado, eu te fazia sorrir...

Como tenho certeza que vai lembrar da minha voz, da minha gargalhada, da minha juventude como você mesmo dizia, como também vai lembrar que me chorar por você, que me fez lutar contra algo que nunca poderia vencer "o destino", vai lembrar, sempre vai que um dia seu desprezo me fez regressar e desistir...

Talvez melhor para ambos, por fim eu entendi o que seria estar ao teu lado e pisar em ovos, sempre... Por fim você entendeu que ninguém pode ser uma ilha isolada, ninguém pode ser inteiramente só, você não pode ser meu e eu nunca deveria ter sido sua, nem se quer uma unica vez...

Voltei para o esconderijo, já não havia nada que me prendesse lá, exceto a vontade de que algo de você viesse comigo e não veio...

E de repente um vento, estranho por momentos tive que fazer força pra lembrar seu rosto, ou para esquecer seu nome...

Que importa foi apenas mais um sopro profundo de saudade...

Nathalya Etchebehere
Enviado por Nathalya Etchebehere em 03/03/2009
Código do texto: T1467017
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