Carta à Morte
Carta à Morte
Caríssima, leia nesse nobre escrito aquilo pelo qual foi jurado.
E lembre-se, o acordo foi feito e teu generoso preço por mim foi respeitado.
Bem sabemos que jamais poderia deixar que levasse a outra parte, aceitei assim teu justo argumento, mas lhe propus um acordo.
Leva o amor que bate vivo em meu peito, e faz com que a parte de mim se esqueça e se afaste, atira-me na sombra fria do esquecimento, e deixa viva a parte que amo.
Mesmo que a outra parte jamais entenda, e passe a vida como um cão que se alimenta de migalhas, sendo fútil quando pode ser grande, medrosa e covarde ao invés de valente, mesmo assim, e preferível isso que a mera possibilidade de infringir dor maior a esta parte.
Entenda enfim caríssima as palavras de Paulo, pois quem verdadeiramente ama liberta, e de posse disso verdadeiramente compreenda que a distância traz a saudade nunca o esquecimento.
As trevas são minhas amigas, os demônios meus irmãos, anjos os amigos o Universo a evolução.
E Lúcifer o santo anjo que dá forças para vencer enfim a escuridão.
Contudo, não se esqueça.
Estarei de longe velando e vigiando, serei o Sol que dá o animo, e a lua que lhe devolve o brilho.
Até que um dia possa assim retornar, tendo pago teu doloroso preço, podendo então desfazer o que foi feito.
Mas mesmo que nunca chegue este dia, ainda sim, para sempre serei a eterna medida de todas as coisas.
Lembra-te sou um Deus, filho do divino.
N.E.Q.A.L
Nunca esqueça quem ama liberta,
São os versos de um poeta.