CARTA A FIDEL
Como me custou acreditar quando noticiaram que o amigo renunciou ao cargo de presidente do Conselho de Estado e Comandante-chefe de Cuba. Fidelito, (se ainda me permita assim chamá-lo), sei que a sua luta contra as forças malignas lhe tiraram muitas noites de sono e consequentemente lhe debilitou sua saúde de rinoceronte. Pois governar a ilha que fica a menos de 150 km de um inimigo tão poderoso e sempre com sucesso, dependeu de sua astúcia e forças celestiais. (Esse "celestiais" ficou um tanto estranho, mas depois vou ver o que se pode fazer).
Fidelito, foram 49 anos de luta para dar ao seu povo o que ele tem hoje melhor: saúde, educação, alimentação, lazer, transporte, habitação, confiança e felicidade.
Sim. Felicidade.
Olhando atentamente nos olhos do povo cubano, é felicidade o que vemos resplandecer como o sol do meio dia. Seu povo transpira felicidade, come e se embriaga de felicidade.
E felicidade, Fidelito, não se compra no atacado nem no varejo. Felicidade se conquista dando um pouco de si ao próximo (e como tu destes), e saber que a tarde, após mais uma jornada dura, o trabalhador lhe pergunte: “O que posso fazer de mais e melhor pelo meu país?” E você respondendo sempre com suavidade: - “Mais trabalho e fidelidade ao Comandante-chefe”.
Felicidade que está em até permanecer seis horas numa fila para comprar um sorvete. Ficar na fila por horas também é lazer.
Bem sabe da minha veneração por você, por suas idéias 100 anos à frente de qualquer povo, qualquer nação. O que temo Fidelito, é que seu irmão Raúl, por quem não tenho o mesmo apreço, abra as pernas para o inimigo, tornando essa ilha das maravilhas num bordel e fazendo com que as novas gerações se transformem num povo sossegado e sem preocupação com os princípios da revolução.
Você sabe melhor do que qualquer habitante da ilha que seu irmão é cabeça fraca e por isso temo que as suas belas morenas se vendam (dizem que faturam até 800 dólares por dia) e inflacione o mercado. Qual delas irá querer se casar com um compatriota e desprezar 25 mil dólares por mês? O inimigo é mais poderoso do que podes imaginar e essa “entradinha turística” (sem trocadilho) pode, num curto espaço de tempo, miscigenar seu povo enchendo de estranhos o seu próprio ninho.
Um perigo. Pior que uma invasão dos Bárbaros.
Fidelito, aconselhe o irmão a governar com mãos de ferro, se for necessário, mas não permitir que essa felicidade supérflua e perniciosa domine a ilha, levando mar adentro (e mar afora) a tão sonhada igualdade social.
E se me permitir mais uma, sugiro que o amigo de “coração de urubu” (ou seria Coração Valente? Não lembro agora, mas é nome de um filme), preencha seus dias vazios redigindo discursos para os companheiros Lula, Hugo Chaves e Evo Morales. Se isso lhe for cansativo e não muito prazeroso, que venha ao Brasil substituir Wagner Moura na continuação do filme ‘Tropa de Elite’.
Que a terra lhe seja lev...
Ops! Saúde Fidelito. (quase cometi um deslize).