correio da asas
ando. há toda esta insistência em encontrar joaninhas sem pintas voando como um monomotor. estalando gravetos com o pé nu... são gritos graves eu até diria
vou correndo agora. os fiascos de íris entrecortando as folhas, algo que considero inusitado... joaninhas sem pintas são mais poéticas, elas quebram a monotonia das pintadinhas. todas made in china
é um ato heróico este meu, eu realmente me descabelo quando caio das árvores. lembra a árvore da história do manoel de barros? encontrei uma parecida. com os braços abertos, e cócegas no sobe e desce das formigas no tronco. parece saber que as borboletas vão estar lá para conversar com ela
eu estou nesta aventura matinal, e penso tanto em ti. esta sintonia entre corações irmanados funciona como um calor constante no peito, ou um sopro de flores no estômago. vi de perto uma salamandra, e lembrei a “um”. ela deve estar agora no céu das salamandras...assim como robert-robert está no céu dos peixes...
sabe o céu? De qualquer forma é o mesmo sobre as nossas cabeças, e de qualquer forma eu torço para ele derreter como a juba dizia... eu fico imaginando o arco-íris derretendo... que gosto terá? as cores têm estes estados emotivos que nos indicam seus sabores, seus cheiros, e tatuagens sinestésicas...
enquanto escrevo, vou comendo umas jabuticabas, sentada neste pé com os pés em mantra indiano. brinco lançar os caroços bem longe e acerto a cabeça de uns sapos. os mesmos da poesia de manoel bandeira... oi oi oi oi...eles são cordiais..tu sabes, é um química, faço amigos na velocidade que os coelhos se reproduzem. e os ventos testam as raízes mais tarde. a nossa amizade rasga o planeta e se firma na constelação do asteróide b-612
em mais um dia de aventuras, como quando somos crianças...eu busquei tesouros no seio da natureza... e rasguei outro vestido de renda...
o que me move a voar nos álamos é o que te move a flutuar entre os eucaliptos...a certeza de que todos os dias há milagres fluindo dentro e fora de nós...
Paris,2009