O ar que respiro
Quando estou assim
Não surge de repente
Vem diariamente um pouco de desilusão, mistura e confusão dos meus sentimentos pelo que me rodeia, pela minha vida, pela monotonia ou até pela ausência urgente de mudança.
Gosto de ti, de uma forma única e singular, em paz, mas não chega para o ar sair mais puro e incondicional, não me protege de todos os males e me trás a diferença á vida.
É urgente um navio atirado ao mar dentro de mim
A oscilação entre o sossego e as convulsões naturais de um amante.
É urgente sentir-me amada quase desesperadamente
Um grito
Um abraço
Mesmo quando o mundo gira ao contrário e a terra está mais pobre.
E é aí que choro
Quando sinto as águas calmas demais
Ou a boiar á deriva, sem nadar, ou sem ir ao fundo
Como um meio
Longe do inicio e do fim
Longe do baixo e do alto
É urgente o desequilíbrio
Da queda ou do saldo
Simplesmente do suspiro
Como se por uma vez na vida
A vida parasse de girar á tua volta e girasse apenas á minha
Como uma dança de liberdade aonde ninguém me agarra, nem sequer tu!
Falta-me o ombro, embora sejas o meu pilar
Isso não me chega nem eu quero sentir que é o que me resta.
É o meu porto seguro, o meu porto de abrigo
Aquele que me aninho em noites frias e me encolho quando me sinto desesperadamente só.
Será que se um dia leres isto
Me lançarás num voo único sem para quedas para os teus enormes braços?
Será que se um dia leres isto
Já eu terei voado sozinha para algures aonde o teu tom de voz não consiga alcançar.
Preciso de me sentir mais que uma imagem
Uma invasão
Uma planta ou um castiçal a ganhar pó… entre as tuas vontades e desejos aonde a minha inclusão é simplesmente… Ao teu lado.
Muda-me a roupa
Dá-me o baixo
E fala, fala tanto
Tanto em quantos estes anos não falaste
Para que me aquietes a alma
E eu acredite em ti
E num conto
Daqueles que duram para sempre.
Joana
09-01-2009