Carta à Princesa Desalento
Minha amada amiga,
Preciso falar das tuas palavras, fonte inesgotável de emoções, gotas de dor, toques de alegria, odor de paixões, palavras que me acalantam na madrugada vazia o sono dos que não dormem, o desespero dos que vivem a espera... São elas, as minhas companheiras, minhas pérolas de vida, de uma vida que ainda não encontrei nesta existência, São elas, as tuas palavras que me transportam, que me levam desta realidade cinza e que me fazem vibrar com o acorde da música eterna das almas imortais da poesia... Minha bela, minha flôr, Princesa Deselando, companheira de noites ensolaradas, aquecidas e iluminadas por sua presença tão íntima como a minha própria agonia.
Sem esperanças, sem consolo, sem fantazia... somos só nós nesta cama, túmulo de amores não vividos, natimortos, amores impossíveis sonhos intangíveis e o medo que apenas corroi e corroi e corroi...
A ti dedico meu melhor sorriso, minha maior tentativa de alegria, minha gratidão eterna por teres me feito parte de ti, pois somos iguais, na loucura e na glória das paixões indomáveis, terrivelmente selvagens, que nos consomem toda e qualquer mínima expressão de bom senso ou de razão.
Amada Irmã, inspiração profunda, delicada e dura, sensível força em forma de mulher, de amante de poeta, tú és o sempre, o eterno o inabalável motivo pelo o qual ainda expresso almenos um esboço do que sinto.
À Florbela Espanca