Livro O vôo nos garimpos da Amazônia
Prezado Luiz,
Sábado último, terminei de ler o seu livro. Que coisa fantástica a sua vida! Daria para fazer um filme e tanto, um romance de aventuras de primeira linha. Se eu fosse cineasta iria abraçar essa idéia. Quem sabe, ganhando na Mega Sena...
Você, Luiz, tem realmente uma ótima história de vida para contar. Que sorte que colocou tudo num livro, para perpetuar essa lembrança! Se existe um guerreiro, esse guerreiro é você (permita-me que assim o trate). Eu teria desistido logo no início, quando você esteve em apuros no litoral do Paraná, escapando das ondas, para pousar no escuro sabe Deus como! Ali mesmo eu teria aposentado meu brevê!
Manicaca era um termo que eu ouvia sempre na Escola de Instrução Especializada (EsIE), no Rio, onde fui monitor fotocinegrafista. É que lá havia os cursos de Observação Aérea e Foto Intérprete, com apoio dos aviadores da Base Aérea de Santa Cruz, situada no oeste carioca. Aliás, essa Base ainda tem um hangar dos antigos Zepelins, uma estrutura que até hoje causa espanto, com uma escadaria sem fim até o teto. Hoje, o hangar é utilizado para abrigar caças e também é uma oficina, para reparos das aeronaves.
Empreendedorismo, aventura, pioneirismo, criador de cidades - tudo se junta no belo livro que foi sua vida. Tenha orgulho dela, pois você realmente viveu. Claro que sempre fica um pouco de amargura por não ter ficado mais tempo ao lado da família. Isso é compreensível. No entanto, veja o resultado disso tudo: você encaminhou muito bem seus filhos, hoje doutores exercendo suas atividades em vários cantos deste País. Tenha orgulho disso!
Ah! Não se lastime em ter ajudado a "degradação" da Amazônia, de que você fala no epílogo do livro. O progresso, infelizmente, traz consequências nem sempre gratificantes. Há sempre um preço a pagar pela construção da civilização. O importante é que hoje se tem, de modo geral, uma consciência maior a respeito da ecologia. Eu, quando criança, não caçava passarinhos a bodoque? Até canarinhos matava?
Imagino os apuros que passou, ao sofrer acidentes aéreos graves, dando piruetas numa pista mal construída e tendo que jogar o avião nas águas do Tapajós. Imagino a aflição que foi sair daquela enrascada, quando você transportava sua mulher grávida e um filho, com risco real de vida para todos. E a tristeza sem fim, vendo o compadre Flávio perder toda sua família. Você contabilizou cerca de 200 pilotos, entre amigos e conhecidos, que perderam a vida no arriscado trabalho que é voar na Amazônia. É preciso ter muita fé em Deus para aceitar tudo isso. E fé é o que não lhe falta, Luiz. Ela está expressa em cada linha do livro.
Empresário de garimpo e de extração de cassiterita, corretor de imóveis, pesquisador de óleo de mamona - o que mais faltou você inventar na vida? Ah! claro! Criar cidades! E pelo menos duas você ajudou a criar: a Brasnorte e a Bannach. Porque, se não fosse você arranjar aquele "gato" e seus peões, e depois semear capim colonião na fazenda dos irmãos Bannach, duvido que teria se transformado em uma cidade. Parabéns também pelas inúmeras fotos que enriquecem por demais o livro, uma jóia!
Repetindo: gostei muito do livro, bem escrito, de forma franca, como franco é o coração de todo legítimo aviador.
Sucesso na venda do livro! Vou divulgá-lo na Internet.
Um abração do seu amigo,
Félix Maier
P.S.: Luiz J. Mendonça é autor do livro "O vôo nos garimpos da Amazônia", Carlini &Coniato Editorial, Coleção Ipê Roxo, Cuiabá, MT, 2008. Pedidos do livro para o autor:
e-mail luizjmendonca@gmail.com