ASSOCIATIVISMO LITERÁRIO NUM PAÍS CONTINENTAL

Prezado Bosco, colega paulista na luta pelo associativismo!

Saúde, Paz e Prosperidade!

Em primeiro lugar, desejo mandar um afetuoso abraço ao ativista cultural Castelo Hanssen, amorosa figura deste operoso São Paulo, poeta tão amado por aqui, porque ele tem o perfil dos que agem com o coração pleno, fraterno. Já vão cerca de treze ou quatorze anos de conhecimento pessoal e acompanhamento de sua obra. Tem os méritos acumulados!

Soube que o Castelo está com problemas de visão, e imaginei que Deus quis lhe dar um maior quinhão de Paz na sua provectude.

Homem bom, doce em sua fala mansa, parece necessário ao seu estro luminoso a Paz para que sua caminhada se faça nos parâmetros de não enxergar o mal estercado na sociedade de consumo. Mas imagino que outros imensos problemas têm trazido a incapacidade visual, ou quase, segundo me confidencia o Erode Lino Leite, que o reconhece valoroso tanto quanto nós o admiramos por aqui, no sul do País.

Acabo de receber do poeta Erode, residindo por ora em Campo Grande, a notícia de que será pauta de uma reunião, no dia 08 p.vindouro, o interesse e a possível afiliação do Grupo de Guarulhos/SP à nossa entidade nacional, a Casa do Poeta Brasileiro - POEBRAS, entidade que tenho o prazer de coordenar, em nível de País, e que conta com sessenta e uma Casas municipais em dezessete Estados da Federação Brasileira.

Agradeço imensamente que vocês examinem com carinho a afiliação, que será imensamente honrosa para os confrades da POEBRAS, e denunciadora da unicidade do movimento das Casas de Poetas, tornando-nos mais fortes, com o benefício de podermos fazer andar a obra dos colegas de Guarulhos e adjacências em todo o território nacional.

Claro que isto dependerá da continuidade do projeto de expansão do movimento poético nacional como um todo.

Estamos construindo a realidade a partir do sonho de uma Pátria em que o brasileiro comum leia mais e de que os autores venham a ser lidos, reconhecidos, prestando a sua contribuição intelectiva à unidade brasílica.

Em São Paulo, nervosa e cada vez mais populosa capital industrial do país, se torna muito difícil atuar com alguma chance de êxito no sentido da implantação de Casas de Poetas.

Basta citar as distâncias territoriais na grande capital e os interesses diversificados de uma população trabalhadora imensamente dispersa em incontáveis bairros e rincões suburbanos.

E cultura poética não é matéria de primeira necessidade nesta soma vária de estamentos sociais. É necessário reuni-los a todos, por seus representantes, numa Casa que pense a cidade como albergue de homens e mulheres com suficientes doses de felicidade para fazer o seu semelhante mais hígido de amor.

Caso isto não ocorra, acabam ficando isolados em guetos aqueles que sonham com um mundo diversificado do modelo em voga nas grandes cidades do planeta.

Obter pelo menos um agir fraterno nos gestos, no segurar a mão de nosso irmão poeta, artista, cantor, e fazê-lo andar para frente, saindo do anonimato, fazendo andar a sua obra no Brasil continental.

Guarulhos, pelos contatos e pelo perfil que o Erode me traçou sobre o grupo, pode funcionar como aríete na alavancagem que a POEBRAS necessita no grande carro-chefe do país.

Sonhamos com o apoio de vocês para ampliar o projeto de expansão nacional do movimento poético-associativo.

Acabamos de retornar de uma cruzada pelo Nordeste e pelo Norte, obedecendo ao projeto de expansão da POEBRAS NACIONAL. Lá por aquelas bandas do território nacional só tínhamos as Casas de Campina Grande (2002) e Salvador, fundada em 1989 e reestruturada, por ocasião de nossa ida até aquela cidade, em 1998. O grupo original tinha como carro-chefe a ativista cultural Zínia de Araújo Góes.

A partir da base operacional estabelecida em Salvador da Bahia, onde está sediada a deliberativa nacional da POEBRAS, em cinqüenta e oito dias de trabalho no que se gosta de fazer, logramos criar e instalar sedes em Aracaju, João Pessoa, Recife, Natal e Belém do Pará.

Também Fortaleza está com ativistas designados para tal empreendimento associativo. Lá é mais complicado, porque os importantes ativistas locais estão empenhados na condução de suas entidades culturais.

É sempre aconselhável aguardar um melhor momento para não atribular ativistas e complicar o quadro associativo que, sempre que nasce nova entidade local fica momentaneamente complicado, dentre outras razões pelo temor que se instaura de que sócios antigos de entidades já consolidadas atendam ao chamamento baseado em novas propostas e/ou oportunidade de crescimento pessoal, e haja migração deles para a novel associação.

Restou como tarefa inconclusa, na “Cruzada pela Poesia e pelo Associativismo”, a fundação da Casa do Poeta de Maceió/AL, que tem o médico e poeta Dr. Emanuel Fay da Fonsêca como indicado para agregar os colegas em torno da idéia da POEBRAS local. Atualmente não sei como está o desenvolvimento do projeto local. A bem da verdade, estou sem informações.

De 09 a 11 de junho, pretendemos estar no Rio de Janeiro para participar do 2º Congresso do Portal CEN, que reúne escritores luso-brasileiros, dirigido na Grande Rede pelo Carlos Leite Ribeiro, sediado em Marinha Grande, Portugal.

Viajaremos depois do evento, em grupo composto por mim, João Justiniano e o Carlos Leite, para Salvador, sede da coordenação Deliberativa Nacional da POEBRAS, o legislativo da entidade, que tem a sua célula-motora na pessoa de João Justiniano da Fonseca, 85 anos, fundador e atual presidente da Casa do Poeta de Salvador/BA, para acompanhar o processo de ampliação das atividades e instalação de sede própria. Providências administrativas neste sentido entre o governo municipal e a direção da POEBRAS SALVADOR formatam um bom caminho, no futuro.

É bem provável que a Casa local receba do poder público, em comodato, as instalações do Solar da Boa Vista, local em que provavelmente será instalado um museu, onde serão alojadas algumas peças pessoais do grande Castro Alves. No ano próximo, o vate baiano completará 160 anos de nascimento.

Estou viajando domingo, dia 09, para Campo Grande, para oficinar poesia com o pessoal de lá, que já são, em quatro anos, cerca de sessenta escritores-poetas-oficineiros, com um ótimo nível de criação, inventiva e funcionalidade, conquanto turmas ainda não integradas numa entidade associativa do ramo literário.

Em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, os ativistas mais expressivos estão às voltas com a consolidação das entidades em que atuam. Nesta capital a instalação de uma afiliada da POEBRAS também dependerá da liberação dos ativistas culturais para levar a cabo este intento, o de criar entidade que se ajuste ao esforço de unificar ações em âmbito nacional, atuando no sentido de buscar verbas no Ministério da Cultura do Brasil para a execução de projetos culturais de interesse local e regional.

Na verdade, o rótulo de CASA DO POETA BRASILEIRO – POEBRAS é gloriosa fantasia romântica, realização dos sonhos de seus líderes.

Trata-se de uma Casa de Cultura multifacetária, agregando, num único grupo, escritores, poetas, músicos, compositores, teatreiros, artistas plásticos, artesãos, enfim, todos aqueles que agem na linha da humanização num mundo globalizado, sem rosto e sem alma.

Só assim poderemos antever futuro para um país que, pela organização da sociedade em suas bases, se está a descobrir em cada dia que amanhece.

A Casa do Poeta quer ser um dos vetores da união entre a Educação e a Cultura do Povo Brasileiro.

A Poesia e o seu entorno operacional não é tão inútil quanto pensam os detratores da alma brasileira.

A posteridade não perdoa os omissos.

– Do livro CONFESSIONÁRIO – Diálogos entre a Prosa e a Poesia, 2006.

http://www.recantodasletras.net/cartas/135669