O que tenho meu amor para ofertar-te?
Meus anos tantos que passaram em dias, noites, madrugadas insones te anelando em algum lugar do futuro... Quem sabe, eu pensava... E convencia a mim mesmo desta possibilidade.
O que tenho para ofertar-te a não ser à força de minha presença em teu cotidiano, apesar desta ausência física que nos aprisiona, cada qual em sua gaiola de afazeres e nos afasta... Confinando-nos atrás de cercas por vezes intransponíveis porque inexistentes neste roteiro de tantos desencontros.
O que tenho para dar-te de mim, que não sejam cicatrize, um lindo amor que te tenho, há tantos anos... Há tantos anos!
Como fazer-te saber de cada uma de minhas pegadas... Algumas nítidas, outras arrastadas por marés que quase me levaram junto, e às quais sobrevivi por teimosia, por destino, por deixar-me flutuar nesta corrente de vida que ainda me sustenta em seu barco frágil...
Ah... Eu cavalguei por tantas pastagens, usei bússolas desnorteados que me indicaram um norte inviável, e perdi-me de mim, por tanto tempo, em tantas e tão infindáveis trilhas e atalhos que nem sei dar conta.
Como entregar-te o amarrotado de minhas lembranças, os sonhos liquefeitos pelo tempo e este limo escuro que recobriram minhas tantas fantasias e desejos?
Hoje só tenho para ofertar-te este meu silêncio brusco e estas palavras esgarçadas que fluem pelas entrelinhas...