TELEGRAMA DE NATAL
Quando teu solhos cruzarem os arranha-céus da cidade cinza, à noite do cenário que pisca, saiba que eu já não estarei mais lá.
Já terei me volatizado pelo tempo, como a fumaça negra que escapa pelas chaminés, que apenas se vai...se vai...sem vislumbrar o caminho de volta.
Quando teus olhos , de repente, insistirem em olhar através das janelas iluminadas dos ontens, lembra-te que os sonhos não os concretizamos com as mãos, posto que apenas persistem na escuridão das longas noites.
Então, deixe-os irem! Nunca se alcança a inexistência.
Porém, se tuas mãos tocarem as lembranças, e um pedaço de verso teimoso se soltar sem rumo certo, saibas que a poesia também morre, embora seus restos ressuscitem como crianças, sempre a brincar pelos corações que ainda são fantasias.
E quando, enfim, a GRANDE NOITE vier, e de bem longe da imensidão do tempo te iluminar uma luz indecifrável, talvez ainda seja a poesia, que entre as luzes de Natal, tenha resolvido brilhar no vão das estrelas.