Adeus Você

Perdi o domínio das palavras, perdi o sorriso escancarado de quando você me fazia cócegas até eu pedi pelo amor de Deus porque não agüentava mais, perdi a vontade de escrever, as borboletas no estomago sumiram, os sonhos também. Perdi a vivacidade, a incerteza, o ciúme. Perdi a vergonha, a vontade de arriscar, deixei ir o jeitinho traquina, levaram todas margaridas também, perdi o brilho no olhar, perdi a boca sedenta, perdi o medo de te perder.

Dói tanto olhar no espelho, hoje a nostalgia me rasgou por dentro, trouxe a tona cada pedaçinho de mim, cada detalhe em você. Amor onde foram parar nossas brincadeiras? As brigas são tão cansativas eu não acho justo roubar o lugar das minhas mordidas. E os nossos planos? Eles não estão concretos, porque não falamos mais deles? Porque não roubamos mais a cena? Há tanto tempo não observo uma estrela, aposto que todas já tem seu próprio nome, batizamos tão poucas. Porque não dançamos mais, não balançamos os quadris em um beijo demorado com sorriso no canto da boca. Amor eu to tão cansada de bolinar, de verdade cansei de sexo. Nossa quando foi à última vez que chorei depois de um orgasmo? Nem me lembro mais o que é fazer amor, ficou tudo tão vulgar não é mesmo? Nossas despedidas são tão rápidas, dói tanto não ficar triste quando te dou boa noite. Cadê aquele amor maior do mundo? Eu acreditava que fosse para sempre, eu culpei tudo, menos nossas perdas, culpei você por me sufocar, culpei você por se dá de bandeja, por não fazer mais surpresas. Mas que graça teria supressas com tantas perdas? Culpei tudo e todos por não consegui te beijar por mais de dois minutos hoje em dia. Mas todas aquelas desculpas eram da boca para fora, brigas sobre um firmamento desconhecido, precisou balear para me abrir os olhos, precisei sentir saudades para acordar e uma leve e cortante dose de nostalgia para me fazer ver o que me afastou de você. Perdemos até mesmo nossas músicas, onde estão meus poemas? Qual foi o fim de nossos romances? Sinto falta de placebo, de me arrumar para ficar no sofá da sala vendo filme, que saudades de novidades para poder te contar depois, da sua barba arranhado minha barriga, das longas conversas no telefone, que saudades de nossas brigas cheias de eu te amo, de nossas risadas cheias de eu te odeio, que saudade da inocência, do passo de cada vez, do medo. Saudade das madrugadas em festas de nos dois. Onde estão minhas cartas inesperadas? Porque agente não joga mais conversa fora, porque não fazemos mais macarrão de panela? Nossos passeios durante a tarde acabaram, fotos dos nossos pés também. Todos os meus discursos cheios de lagrimas e medo de te perder se foram. Onde ta meu diamante negro? Que saudades das nossas graçinhas, do nosso mundo, nossos vulgos.

Eu sinto falta de tanta coisa, e cheia de mim mesma ainda fui capaz de dizer que assim seria melhor, novas experiências, tempo para mim, minha vida. Ah! Não fui capaz nem de carregar comigo o melhor de nos dois, como eu fui cruel com nossos sentimentos. E eu que pensei que seria diferente dos demais me surpreendi hoje quando vi “brilho eterno de uma mente sem lembranças” sem você.

Gabe
Enviado por Gabe em 12/12/2008
Reeditado em 17/11/2010
Código do texto: T1331143
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