CRÔNICAS DO AMANHÃ

Amanha vai amanhecer de novo, e mais uma vez vou me levantar sem vontade. Vou olhar para o teto, ouvir o despertador e sem quase me mexer vou desliga-lo. Sentir minha solidão emblemática e me erguer cansado.

Mais uma noite de descanso em vão. Mais uma noite sem você.

Cansado olho ao redor, esperando alguém me chamar, não ouço nada, apenas os barulhos dos carros.

Me ergo do meu leito e passo a fazer o que sempre faço trocar de roupas, escovar os dentes os cabelos. Ligar a televisão e imaginar você.

Olho o relógio e saio apressado pro nada, seguindo meu rumo sem vontade.

Passos apressados passam por mim sem ao menos se darem conta da minha dor, do meu sofrer.

Onde você está alem de dentro de mim, onde está você além do meu viver.

Prédios, pessoas, carros, animais... Tudo isso não tem sentido na vida que insisto em viver.

Minha vida é apenas uma lúgubre presença de corpo, pois o resto vagueia desnorteado pelo limbo da solidão.

Quão duro foi minha desavença para sofrer assim, sofrer por amor. Mesmo sabendo que você me ama, mas quer me provar.

Provar o que? Já que prova de amor te dei e dou todos os dias, todas as noites.

Meu serviço burocrático, não me faz cansar, mas meu cansaço é aparente e presente. Não conto mais os dias para terminar, conto as horas...

... E elas passam, na verdade se arrastam devagar e sem nenhuma vontade. Ao fim da tarde volto pra casa, mas não tenho você. Não posso ter.

Mais uma vez a televisão está ligada, mas o som que ela liberta são apenas ruídos sem qualquer nexo. Meu coração só quer você.

De repente a noite acaba, vou me deitar, mas você não está e vou dormir pra que? Me pergunto sem cessar. Ouço os ruídos noturnos e espero que logo amanheça.

Para que com o sol venha a esperança.

Esperança de ter você.