Ás lembranças guardadas
Nem sei muito bem como começar,sempre fico meio perdido no início,mas depois me solto,pois a imensidão de sentimentos que fervuram meu coração,atropelam meus pensamentos.
Quase nunca sei como os colocar na folha, ela parece tão pequena diante do que sinto,mas aos poucos vou vendo que é um mero engano meu,pois esta singela e alva folha,parece penetrar pelos meus olhos, fazendo-o enxarcar-se de prantos,pois reavivam em mim as lembranças daqueles velhos tempos de criança.
Eu muitas vezes me vejo preso a imagem estática da foto, que me deixa estático também,voltando em pensamentos,á aqueles momentos adormecidos no mais profundo do meu peito.
Dói saber que nunca mais verei o mesmo sol do dia em que passou,e nunca mais respirarei o mesmo ar,ou ouvirei o mesmo canto da manhã,pois a cada dia morri um pouco para nascer homem, e a cada dia o meu mundo morreu comigo,para nascer diferente como eu.
Lembro até das coisas que eu tinha esquecido,e que agora nem faz mais sentido,mas sempre é bom lembrar,até quando você sabe que nunca mais poderá dizer...mas eu as guardo,as digo pra mim.
Aos poucos vou esquecendo a face daquela criança que existia em mim,talvez se estivesse frente a frente comigo mesmo,como eu era antes,eu fosse um estranho pra mim.
A unica prova dos momentos que vivi,e de como fui realmente,são fotos e cartas,e pensamentos,que me confundem,e que me fazem ter medo da imagem assustadora que vejo a frente do espelho todos os dias,uma mutação diária,que me assombra,que me apavora.
Não sei como não percebemos o quão rápido morremos,o quão rápido nos desfazemos,o quanto esquecemos de como eramos,de como seremos...de como somos!