Pode crer

Capelinha, 16 de agosto de 1960

Saudoso amigo José Floriano,

Estou muito contente com você, por ter me respondido.

Você pede pra mim desculpar a demora, está desculpado.

Agradeço-lhe também toda a sua atenção para comigo, aliás não mereço, mas sinto-me muito honrada.

José, peço desculpas pelas minhas palavras todas, eu não sabia que você precisava dos domingos para se descansar. Eu não disse isso para o magoar, pensei que você devia passar os domingos aqui, só isso. Mas não precisa se incomodar, venha quando quiser e não fique sentido comigo, pois preferiria a morte que isso.

Quanto a sua garota, eu a encontrei domingo, dei-lhe as lembranças que você mandou, ela ficou muito contente e me agradeceu. Ela está com muita saudade de você, não acredita mesmo quando o ver. Disse que você está demorando demais pra vir. Disse também o que é que você estava fazendo que não podia vir nem mesmo aos domingos. Daí eu disse pra ela que você estava descansando dos trabalhos da semana. Disse que não é preciso preocupar que quando você não tiver cansado você virá. Eu disse também à Daura que pode confiar em você, que você é o melhor homem do mundo, desculpe a franqueza.

Bem, Zé, então se puder venha assistir a festa e traga também a Daura, não esqueça, minha casa está às suas ordens.

E não se esqueça da minha poesia. Termino com muitas lembranças minhas, e a Daura manda também muitas e muitas lembranças. Sinceramente muito grata pela sua gentileza.

Sissi

Se o que você faz por mim

Você faz de coração

Pode crer que terá sempre

Minha eterna gratidão.

Um verso, amigo, para você, de minha autoria, é o primeiro que fiz e o fiz pra você.

Carta recebida por José Floriano da Costa em 1960.

Léo Guimarães
Enviado por Léo Guimarães em 28/11/2008
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