Os neossocialistas saltitam alegres no picadeiro

Amigos liberais,

Leiam, abaixo, as "profecias" de um socialista português, que até hoje não sabe que nunca existiu neoliberalismo, apenas liberalismo. O que o portuga esconde é que não foram os liberais que criaram a bolha imobiliária, mas o Estado que incentivou os americanos a comprar sua casa, mesmo os que não tinham a mínima condição pra isso, com juros cada vez mais baixos. Foi uma farra e tanto. Deu no que deu.

A propósito, Maílson da Nóbrega tem escrito textos esclarecedores sobre a crise econômica atual na revista Veja. No artigo "Sistema financeiro: por que salvar; como não regular", ele vai ao ponto:

"Tem-se atribuído grande parte da crise à desregulação dos mercados. Ocorre que as hipotecas subprime - o seu epicentro - se expandiram depois que o Congresso americano criou regras para induzir as semi-estatais Fannie Mae e Freddie Mac a atuar a favor da população de menor renda. O mercado subprime explodiu a partir de 2004, quando as duas empresas passaram a comprar montanhas dessas operações" (Veja, edição 2083, de 22/10/2008, pg. 92). Maílson diz mais: "Mesmo que a nova regulação elimine as falhas que contribuíram para a atual situação, o que é desejável, dentro de alguns anos haverá uma nova crise. Isso porque os reguladores não conseguem acompanhar as inovações e a criatividade do mercando nem detectar todos os seus riscos" (pg. 94).

Subprime significa "título podre", sem valor no mercado. Parece que pouca gente sabe que as empresas Fannie Mae e Freddie Mac são "semi-estatais", como lembrou Maílson da Nóbrega. A Fannie Mae, p. ex., foi criada em 1938 pelo governo americano como parte do New Deal, que tirou os EUA da Grande Depressão, para auxiliar a compra da casa própria. Será que o socialista da boa terrinha sabe disso? Moral da história: a crise atual foi provocada, principalmente, pelo Estado americano, não pelos liberais, que nada têm a ver com essa história.

O portuga socialista acusa os americanos de terem envenenado toda a União Européia (UE) com sua ganância financeira, esquecendo-se de dizer que lá a alavancagem financeira era ainda mais escandalosa que nos EUA, como foi comprovado recentemente. Além de esquecido, o portuga é um embusteiro.

A propósito, não existe neoliberalismo, assim como não existe neomarxismo, neonazismo, neofascismo, neossocialismo, neocatolicismo, neonacionalismo, neohomossexualismo, neofeminismo. O que existe é apenas liberalismo. Quem tiver dúvida de que doutrina filosófica se trata, leia Adam Smith, Friedrich Hayek, Ludwig von Mises, Alexis de Tocqueville, Guy Sorman, Jean-François Revel, Raimond Aron, João de Scantimburgo, Roque Spencer Maciel de Barros, Roberto Campos, Antônio Paim, Gilberto Paim e José Osvaldo de Meira Penna, apenas para citar alguns nomes.

Será que alguma vez o português socialista já ouviu falar desses pensadores liberais acima citados?

De "mão invisível" - como abaixo cita o portuga, querendo demonstrar erudição -, os socialistas entendem apenas como sendo aquela mão afanando seu suado dinheirinho no bolso, a exemplo dos Irmãos Metralhas. Ou seja, os Petralhas...

Félix Maier

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Os neoliberais saem de cena

Mario Soares (*)

Lisboa, novembro/2008 – Onde estão, hoje, os neoliberais, que ninguém ouve? Há meses clamavam incessantemente por “menos Estado” e “mais privatizações”. Nada de intervenções dos governos, nada de regras éticas e menos serviços públicos. O importante era reduzir os impostos e deixar que o mercado funcione, sem interferências de nenhum tipo. Porque a auto-regulamentação do mercado, guiada por uma “mão invisível”, é o que deve ser assegurado. Quanto às privatizações, devem incluir quase tudo: até os serviços de saúde (uma invenção “socialista”), a segurança social, a água, os cemitérios, os correios, os transportes, a segurança (mesmo em situações de guerra como no Iraque, onde empresas privadas assumiram funções de segurança).

Os políticos que não se alinhavam com a ideologia neoliberal passavam a ser considerados como uma praga, como uma curiosidade arqueológica de outros tempos. Exigia-se liberdade absoluta para ter lucro, quanto mais melhor mesmo em se tratando de especulação ou conflito de interesses – “os políticos nos negócios e os negócios na política” – e para os paraísos fiscais. Desta forma, fazer negócios, ganhar dinheiro, se converteu no valor supremo das sociedades chamadas livres e o mercado foi teologizado como o deus ex-máquina do progresso. E a própria democracia liberal foi deslizando, pouco a pouco, para a plutocracia.

E os pobres? E os operários, os camponeses, os empregados e a antigamente chamada classe média? Se forem deixados à própria sorte, sujeitos às regras da seleção natural, na verdade uma espécie de lei da selva em que os fortes (os ricos) devoram os fracos (os pobres). Neste contexto, os espíritos sensíveis podem consagrar-se ao exercício da caridade para paliar as desigualdades, um recurso que não prejudica o sistema e faz bem às almas.

E foi assim que o capitalismo norte-americano em sua fase financeiro-especulativa guiada pela ideologia neoliberal e fortalecido pelo colapso dos regimes comunistas, conduziu os Estados Unidos às portas do descalabro financeiro e da recessão econômica. Dali seus efeitos negativos se propagaram sobre o Velho Continente e estão começando a contaminar o resto do planeta. Em poucas semanas, toda a teoria e a prática da ideologia neoliberal desmoronaram. Diante da realidade que eles não souberam prevenir porque a consideravam impossível, os economistas propõem o silencio, ou aconselham cautela, ou que sejam aplicados panos quentes ao enfermo.

O resultado está à vista: os bancos e as instituições financeiras à beira da quebra reclamam o socorro do Estado (o que deveria ser considerado pelos neoliberais como uma heresia) com se fosse catástrofe natural como, por exemplo, o furacão Katrina. E quem paga, quando os privados fogem ou olha para o outro lado? O Estado, naturalmente. Tal é o sentido do Plano do Secretario do Tesouro norte-americano, Henry Paulson, que prece a mobilização de US$ 700 bilhões. Mas, poderá o Plano Paulson normalizar a economia da superpotência ou apenas irá minimizar no curto prazo os efeitos da crise?

As medidas adotadas pelos diferentes países e as conseqüentes reações dos atores econômicos até agora tiveram como resultado altos e baixos e instabilidade e, portanto, não é possível responder a essa grande interrogação. Mas, sem dúvida, para uma solução de longo prazo é preciso ir mais longe, conceber e executar a reforma do sistema financeiro-especulativo, submetê-lo a regras e controles, acabar com os paraísos fiscais, introduzir normas éticas rígidas, indicar objetivos sociais e ambientais e, como disse o presidente francês, Nicolas Sarkozy, que hoje deve parecer um extremista aos olhos dos neoliberais, “colocar na prisão os grandes responsáveis pelas quebras fraudulentas”.

(*) Mario Soares, ex-presidente e ex-primeiro-ministro de Portugal.