Carta n° 3 - Perdi minha avó, socorro!

Marcelo,

Como vai?

Confesso não ser um leitor assíduo de sua coluna, aliás, confesso que nem sempre paro para ler, depende muito do tema, se me interessa ou chama minha atenção. Porém, estou muito triste e resolvi escrever. Na verdade, não sei por que, mas se puder me ajudar, sou mais um que pede sua ajuda!

Há uma semana mais ou menos perdi minha avó, tão querida e amada. Não só eu, como minha família toda está desolada, perdida, sem rumo, ela era todo o ar que respirávamos, ela que levava a família "nas costas" e agora que ela se foi, não sei o que fazer, pensar, sentir.

Queria ouvir, ler, sei lá, uma palavra amiga, um conforto, qualquer coisa. Não sei se isso vai me ajudar, mas estou tão desesperado que nem sei mais o que faço.

Obrigado e abraços

Neto em prantos.

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Neto tão amado:

Grato por sua sinceridade, em primeiro lugar. Escolhi seu e-mail pelo título, que chamou muito minha atenção e pude sentir que se tratava de um caso urgente e que meus leitores compreenderiam se passasse o seu a frente, e o publicasse na minha coluna dessa semana.

Tentarei ao máximo colocar-me em seu lugar, porém, nesses momentos, quando perdemos um ente querido, realmente não há o que fazer. Chore, desabafe, coloque para fora esse sentimento, não tenha vergonha ou medo. Às vezes, reprimir a dor, o sofrimento, pode ser pior.

Quanto ao que será de você e sua família? Não sei, sinceramente. Isso dependerá da escolha que cada um fizer para si, as lições que cada um levará de sua avó, a criação que tiveram, enfim, existem diversos fatores que devem ser considerados para responder essa pergunta e, somente o tempo e as escolhas que cada um fizer poderão decidir os rumos.

Pelo que você me disse, ela era o pilar de sustentação da família, o "cavalo" que puxava a carroça com todo mundo dentro (perdoe se a metáfora foi rude, mas não consegui pensar em outra). E agora a carroça não tem direção. Agora, cabe a cada um decidir os rumos que darão em suas próprias carroças. Afinal, todo mundo tem um carro para puxar, eles só estavam estacionados em sua avó, e agora cada um terá que preparar suas rédeas, seus cavalos, tirar a poeira e puxar cada um a sua.

Perder um ente querido é doloroso, por mais que seja um processo natural da vida, sentimos por aqueles que nos deixam. Gostaria de dizer que há uma fórmula, remédio ou mágica que resolva tudo em um passe de mágicas e amenize o sofrimento. Porém, não sei qual sua filosofia religiosa, acredito que, de onde ela estiver, estará olhando e protegendo cada um. Por hoje, deixe o futuro onde ele pertence, no amanhã. Hoje, permita-se chorar, lamentar a perda de sua avó, abraçar os entes queridos. Acredito que a única fórmula para esses momentos são união, fraternidade e amor.

Meus sentimentos e, se precisar, como sempre digo, pode escrever, que farei de tudo para responder!

Abraços, força e coragem. A vida continua!

Marcelo Brandão

Gu Oliveira
Enviado por Gu Oliveira em 14/10/2008
Código do texto: T1227153
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