Carta Delírio
Amada,
Fiz questão de escrever essa carta. Nada que fizeste me
fez escrevê-la. Desde que acordo, a cama me joga e faz sentar sob'ela. Não penso na vida, como muitos outros - e talvez devesse- . Entretanto, agora levanto de bom grado. Levanto por razão.
Mas vou ao ponto. Quisera eu lembrar como foi ao acaso. Cofesso que nem sei bem, o momento se esqueceu de mim. Mas lembro que me fez aquele frio que dá ao ir no carrossel. Faço memórias inventadas e cartas avulsas em folhas sulfite. Jogo-as fora e me deito nos momentos de cansaço e exaustão.
Confesso que a estabilidade é meu forte. Não gosto de quebrar rotinas e sei que tudo isso é a instabildiade constante. Me apavora. Mas, ao abrir um livro de matemática insana, me dá o mesmo frio. E lembro que vieste em minha cabeça.
Quero fazer o insensato pedido.
Quero que sejas a razão de cada fio de cabeço crescer em mim, que cada grama que eu perca seja por ti. Quero ouvir a música do universo no alto de uma montanha - contigo -, numa fria manhã, enrolado com cobertor.
Quero ser o amante da divina natureza em ti, e que o tempo passe em progressão zero. O conhecimento me fascina e sabes disso. D'ante tudo, você me inspira. Seria simples dizer que gosto de ti. Deveria ser como o ar que respiro, como a brisa de cada fim de dia. Quisera ser ressaca do seu eterno gosto à maré.
E se esta carta chegar no endereço errado, saberão que é pra ti. Não haverá outro homem, senão o que mais te ama. E se o acaso - ao contrário do que diz - rejeitar cada palavra desse envio, renego-as todas:
- E escrevo outras mil.
Do seu querido Alguém.