POR QUE TRISTÃO?

A história é longa, mas procurarei resumi-la. Um tanto para matar a curiosidade de alguns poucos leitores que me dão a honra de lerem minhas abobrinhas nesse site e que, por e-mail, querem saber “por que o nome Tristão?”. Sofy Sol, que escreve aqui no Recando, é uma delas.

Além do comentário de Jair Portela, um excelente cronista também aqui do Recanto, sobre um texto meu (não lembro qual), para que eu não esquecesse de citar Isolda, numa alusão à lenda “Tristão e Isolda” lá do século IX, sobre os jovens que se apaixonam, mas devido à diferença social, são impedidos de se unirem. Mais tarde, Shakespeare fingiu que não sabia de nada e escreveu Romeu e Julieta. Ele nem imaginava que eu fosse descobrir esse plágio.

Mas sobre isso não pretendo me alongar, pois a família do renomado escritor pode me processar por calúnia e difamação e não estou disposto a enfrentar um tribunal Inglês. Não que tenha medo de tribunais, mas é melhor não mexer com aquela raça.

Por volta de 1557 o famoso compositor alemão Richard Wagner compôs a ópera “Tristão e Isolda” em três atos e que se tornou famosa no mundo inteiro.

O escritor e membro da Academia Brasileira de Letras Alceu de Amoroso Lima (1893) adotou o pseudônimo de Tristão de Ataíde para suas crônicas e críticas literárias publicadas em jornais do Rio de Janeiro, e ficou por essa alcunha conhecido até sua morte em 1983.

Mamãe se chama Isolda. Quando minha vinda ao mundo já estava preparada, papai (acredito eu) deve ter ouvido alguma coisa sobre a lenda, a ópera ou sobre o escritor brasileiro, e achou que o nome viria a calhar. “Tristão filho de Isolda” ou “Isolda, a mãe de Tristão”, e tantas outras variantes que a nossa rica língua portuguesa proporciona.

Agora é que entra a história que o Gugu adoraria contar no “Aconteceu comigo”, mas sobrou pra mim.

Quando eu tinha oito ou nove anos, papai resolveu mudar meu nome. Tristão não estava lhe fazendo bem aos ouvidos. Para mamãe pouca diferença fazia, pois já se acostumara a me tratar por Tão. Então assim tava bão!

Papai explicou para o rapaz do cartório sua intenção. Este, solícito, entendeu perfeitamente a situação, mas casos assim não eram de sua alçada e orientou-lhe a ir até o Fórum e tentar convencer o juiz.

Mas antes que a amigável conversa terminasse, o moço teve a infeliz ideia de sugerir o novo nome para este humilde escriba.

- O senhor pretende trocar por Tristão de Ataíde?

- Tristão de Ataíde “coisa” nenhuma! – disse papai irritado. (Na verdade ele disse outra palavra no lugar de ‘coisa’ e não é a que você tá pensando).

- Ele é filho de Triodaldo e Isolda, entendeu? Vá pôr nome nos filhos seus, seu cara de égua! Seu mal acabado!

Pelo o que conheço de papai, o bate boca deve ter se estendido por alguns minutos e

até hoje eu não sei qual o novo nome que ele tinha escolhido.

Mas cá entre nós, Tristão não é tão feio assim, né? Ou....