HERÓI

Fui herói de determinado colono expulso da sua terra

Usurparam-lhe a casa o gado e as plantações.

Com a minha coragem e peito exposto ao chumbo

Não dei descanso aos meus olhos até que retornasse

Ao seu doce lar em paz e seguro.

Fui herói do agricultor que teve o seu muro derrubado

Trouxeram até policia para arrebatar-lhe o chão

Meus olhos não descansaram até reconstruirem o muro

E o deixar em paz no seu pedaço de terra.

Fui herói de desabrigados

Vítimas das enchentes e do rompimento de talude

Invoquei a lei e não descansei os meus olhos

Enquanto justiça não se fez devolvendo-lhes o teto.

Fui herói de alguns que em trevas viviam sem energia elétrica

Pão de determinados famintos e médico de enfermos.

De sedentos de uma cidade fui água.

Fui asfalto com qualidade

De um povo que sobre a lama caminhava em tempo chuvoso

E na seca poeira respiravam.

Agasalhei e advoguei por muitos e falsos carentes

Que vendem seus heróis por praticamente nada.

Acreditei em covardes e lutei para instruí-los

E por eles desafiei a morte na busca da vida.

Descobri que a infidelidade produz mais miséria

Do que a injustiça social

Que a maior desgraça pode existir dentro da sua própria vítima

Que covardes nascem, crescem, vegetam e morrem covardes

Portanto sempre serão covardes.

Aprendi comigo mesmo que as conquistas sempre dependerão

Dos verdadeiros guerreiros

Dos que avançam com coragem, fidelidade e determinação

Dos que jamais olham para trás e por nada se vendem

Dos que doam até a própria vida por amor a missão.

Daniel de Menezes Costa.