Bendito o dia que nasci!

Querido diário

Comecei o dia de olhos arregalados, um tanto triste, um tanto esperançosa, um tanto tola. E nas primeiras horas do dia que ainda estava por raiar, permaneci de palpebras descerradas na escuridão do quarto. Chorei, sorri, me achei uma tremenda idiota por ainda achar que as coisas dariam certo. Dormi ja no raiar do dia e poucos minutos depois ja estava de pé, atrasada, ensudercida com o silencio sepulcral de minhas crianças dormindo. Ligo pro pai de meus filhos, peço que fico com as crianças pra que eu possa trabalhar, mas ele tem outras prioridades e eu falo o que não devo. Irritada, corro, acordo menino, dou banho, brigo, eles reclamam, chamo um taxi e corro pro escritorio, esquecendo de deixar bilhete avisando pra minha filha mais velha que ela passaria a manhã sozinha e teria de se virar. O transito pessimo, buzinas, calor, o celular gritando na bolsa, me lembrando da irresponsabilidade de acordar tarde. Ufa, cheguei no escritorio e o relogio me acusa do crime cometido, assino correndo papeis que me aguardavam, leio, releio e me livro deles, que estão a caminho de uma licitação!

Sento já cansada do dia que mal começou, tento organizar as crianças no infimo espaço que nunca os acomoda como eu gostaria, o celular de novo aos berros me chama e decido não atende-lo por hoje. Um tanto irritada, perco a paciencia rapidamente com tudo e com todos, não quero conversar, nem ouvir, nem falar! Sinto vontade de sumir! E o dia transcorre normalmente, o meu humor que é ótimo, piora a cada minuto. Puxa, queria um tantinho de paz por hoje! Seria muito pedir pra ficar sozinha? E hoje, sendo meu aniversario, recebi um presente magnifico. Ouvi do pai de meus filhos, do homem com quem vivi por 13 anos, que sou uma maldita! Que assim seja!

Obs.: Enquanto escrevia o texto, um torpedo ecoa pela sala, onde ele me pedi desculpas. É complicado.