Só tenho flores para te dar

Meu caro,

Venho através destas poucas linhas, pedir para que não vá nesta missão. Não, não faça isso com você e tampouco comigo. Prometemos que não iríamos topar essa empreitada. Se você partir agora não poderá sentir meu ombro amigo e nem terá minha tez para te aquecer, pode ser o fim de tudo. Queres de fato abandonar todo este afeto por conta de uma guerra que não é sua nem minha? Nós somos mensageiros e não avassaladores.

Não desejo travar discórdias com você, mas se persistir com esta moléstia, não me deixará escolha senão pedir seu isolamento alegando distúrbios emocionais. O comandante não ousará questionar minha atitude.

Ontem, logo pela manhã, acolhi rosas brancas, que você tanto gosta. As pétalas ainda estavam cobertas de orvalho, pareciam cristais. Sentei-me na varanda e por alguns minutos, fiquei a me entreter com as rosas e os espinhos. Cada qual com sua beleza e utilidade. E vagamente olhava para o portão na esperança de você entrar com seu sorriso terno, encantador e murmurando entre os dentes alguma queixa contra seu superior.

Mil coisas passam pela minha mente neste momento e todas perderam o foco, pois já não sei se nossos planos são nossos.

Teve entusiasmo de me pedir algo que sabia que eu não toparia. Creio que já não está no seu juízo "normal", perdeste a noção do mundo púbere que se abriu para mim e para ti, ao menos ainda creio que queres fazer parte deste mundo. Estou errada?

Vou seguir a rotina, aguardar o momento certo para falar com o comandante. Creio que poderei ser mais útil estando na base de inteligência e bem sabes que você estará comigo, basta desejar.

Camarada, não vou esmorecer justamente agora, nem suplicar, pois você sabe que não comungo com esses modos afetuosos e submissos, nem nos momentos mais frágeis, mas lhe atenho para a situação atual.

Não tenho temor, não falta coragem, mas no momento só tenho flores para te dar.

Hasta,

Arula