UMA TRISTE HISTORIA DE AMOR
O telefone tocou quando atendi uma voz suave e firme do
outro lado me informava que você havia partido.
Um silêncio tenebroso me roubou as palavras, sem pensar
apenas fui ao seu encontro.
Mal sei explicar como cheguei ao hospital, só sei da dor que
me assolou.
Eu vi os olhares de reprovação, mesmo que eu fingisse uma
comoção que nao condizia aos meus reais sentimentos.
Fui caminhando em direção ao setor de emergência, notando
alguns olhares de pena, outros de indignação.
Mesmo sendo acusada, humilhada por seus atos quis segurar
suas mãos frias.
Quis ter a certeza que não fora por minha culpa, mas no momen-
to que estive ao seu lado chorei.
Não fazia sentido eu indagar seus erros, o vazio que senti em mi-
nha alma me respondeu todos os porques.
Jamais previ que esta doença chamada amor seria fatal para nós.
De fato parte de mim se foi com sua perda.
Acaricie sua face e pela última vez lhe beijei os lábios, naquele
momento descobri que o amava além da minha compreensão.
Olhei seus pulsos sentindo toda a dor que a sua loucura nos
provocou.
Me ajoelhei em pranto, o soluço ecoando por aquela sala gelida
como o chicote de um algoz que me castigava por não te-lo
amado como deveria.
Uma parte de mim era culpa, a outra desilusão.
Quando meu corpo trêmulo foi amparado por um enfermeiro repou-
sei minha cabeça em seu ombro.
Mas seus pais interferiram me acusando dos caprichos da vida o
qual não tive poder de conter.
Fiquei sentada no corredor, vendo o levar na maca sem poder me
perdoar, sendo acusada por um amor que eu não soube viver.
Agora que estou em casa, escrevo esta carta para quem saiba a
culpa não me consuma e o remorso nao termine de me matar.
Quando você desistiu de tudo por medo desistiu também dos
sonhos que compartilhamos.
Você nao deveria ter feito isso comigo, porque eu o amava só não
sabia que sofriamos de amor.
CAMOMILLA HASSAN