Carta de um soldado II

Carta de um soldado II

- Josinaldo Lima

Amor, chegamos debaixo de chuva no território inimigo...

Ouço muito barulho, minhas mãos estão muito geladas, mal consigo sentir o fuzil.

Acabamos de chegar, o tenente avisou que partiríamos em uma hora.

Estava certo de que seria muito arriscado, mas acreditava que iria sobreviver,

Entre as ruínas da cidade, vi um soldado, meu primeiro alvo vivo...

Mirei justamente em sua cabeça, que agora perfurada pelo projetil,

em um corpo agora sem vida estendido pelo chão sangrava sem parar.

Desculpe por não te falar de amor, mas em um lugar onde a dor é a maior companheira dos soldados, é difícil falar-te de coisas boas.

Isso era uma emboscada para os bastardos, que não foi muito bem sucedida, alguns companheiros meus morreram nessa missão, acredito estar vivo pela força que vem de ti.

Se eu me prender em voltar sei que isso será cada vez mais difícil, então vou fazer como o sub tenente diz: “Tem que passar por tudo isso vibrando soldado, vibrando!”

Saudades...

Te amo!

(((Naldo)))