Pastoral Carcerária - I
A partir desta carta, publicarei também outras que foram escritas e encaminhadas aos destinatários em 2004. São sete textos que gostaria de tornar públicos aqui neste espaço. Queira Deus que sirvam para alguma reflexão sobre problemas de todos nós, infelizmente ainda hoje atuais. Depois destes, realizei por lá ainda outros trabalhos que talvez tenham valido por algumas destas cartas. Depois descontinuei também estes, para fazer outros em outros segmentos, pois sabemos que a messe do Senhor é grande.
Ourinhos, 19 de janeiro de 2004.
Caríssimos irmãos em Cristo
Hoje inicio um trabalho que venho idealizando há algum tempo para o qual peço ao Divino Espírito Santo que me ilumine, me dê força e coragem, desprendimento e serenidade. Faço-o pelo desejo de conversão, a Deus, de nós todos, para dar glória a Deus e pela salvação de nossas almas.
Não sei ainda como será esta obra e que receptividade terá; sei a princípio que escreverei cartas, meu marido as digitará e as multiplicará e faremos com que cheguem às vossas mãos. Escreveremos em nome de Cristo, da Pastoral Carcerária e da APAC, das quais somos membros.
Uma vez dediquei-me, com meu marido, a fazer visitas aos presos e realizei, com a Pastoral, um trabalho de coordenação e orientação de desenhos e escritos feitos pelos presos, que depois foram expostos na então Igreja Matriz do Senhor Bom Jesus, hoje a nossa Catedral.
Parei de fazer as visitas, mas não parei de orar por vós e defender a vossa causa. Falo dela aos meus alunos, pois os preparo particularmente em casa, em redação para o vestibular e os tenho no Seminário dos Agostinianos Descalços, onde ensino Português, no curso de Filosofia.
A vós peço que orem para que a Pastoral Carcerária e a APAC cresçam e recebam o apoio da comunidade e das autoridades.
Minha intenção é escrever-vos cartas, a fim de aliviar um pouco o vosso sofrimento, levar a esperança e a fé na palavra de Jesus, para que, todos juntos, trabalhemos na edificação do Reino de Deus ainda neste mundo.
Quando as cartas ficarem mais raras, por causa de outros trabalhos, relede as anteriores; por isso vos peço que as conserveis nas pastas que pretendemos fazer chegar até vós. Mas, acima de tudo, e sempre, lede a Bíblia Sagrada. A Bíblia é tão completa e tão plena de conhecimentos e de sabedoria que , por si só, bastaria. As cartas nada vão acrescentar ao que já está escrito nela e por Deus foi inspirado. Elas (as cartas) servirão apenas para vos aconselhar que recorrais à Bíblia e aos ensinamentos de Deus e que não vos desanimeis, vós não estais sozinhos e não sois os únicos a se sentirem presos ou tolhidos em vossa liberdade. Também muitos de nós aqui fora temos nossas amarras, nossos limites e não podemos fazer tudo o que queremos. Lembrai-vos dos que sofrem, atados que estão aos leitos dos hospitais, ou a desordens e transtornos mentais e psíquicos próprios ou de seus familiares, etc.. Este mundo será sempre para todos nós um vale de lágrimas, onde cada um tem a sua cruz. Cabe a cada um, à medida do possível, aliviar a dor própria e do outro, carregar a sua cruz e ajudar o outro a levar a dele.
Neste mundo há também alegria e cabe a cada um de nós promovê-la. Tenhamos esperança, levemos a fé em Cristo ao nosso próximo e não sejamos um peso à nossa família, à nossa comunidade. Sejamos solução e não problema.
Lembremo-nos de que não há pecado para o qual não exista o perdão de Deus. Este é para vós um tempo de penitência e de expiação. Arrependei-vos das vossas culpas, orai e vigiai para que não pequeis mais; com quase estas mesmas palavras, é isto o que diz o Senhor. Confiai em Deus, orai por vós, por vossos companheiros, por vossas famílias. Orai e pedi pelos membros da Pastoral Carcerária e da APAC, para que perseveremos em nosso trabalho e contemos sempre com o apoio das autoridades e da comunidade, como já dissemos. Hoje vos deixo, por fim, um tesouro; descobri-o vós também; buscai-o muitas vezes.
Ele está guardado na Bíblia Sagrada:
Gálatas 6, 7-18
Efésios 2, 1-22
Efésios 4, 1-32
Efésios 5, 1-20
Dedicai-vos cada dia a uma dessas leituras. São ensinamentos preciosos a mim e fico feliz se os fizer chegar também aos meus filhos, aos meus familiares e a todos a quem quero bem.
Desejo a vós, portanto, que esses ensinamentos vos caiam nas vossas feridas de corpo e de alma como bálsamo e que fiqueis na paz de Jesus.
Vossa irmã em Cristo,
Professora Neusa