A jornada – Uma reflexão de despedida.
Por vezes achamos que chegamos ao fim. Que já caminhamos, vivemos e passamos por tudo nessa vida. Expressamos em atos e pensamentos o que vai lá do fundo da nossa alma e que agora nos resta o silêncio. Cessando as palavras e adormecendo no travesseiro o nosso próprio inquieto coração.
Hoje é meu último dia oficial de trabalho no CNPq. Minha aposentadoria sai publicada amanhã no Diário Oficial da União. E eu me pergunto. E agora?! Sentirei saudades? E quais lembranças estarão na sacola rumo ao resto de meus dias? Deixarei de lado, os ressentimentos, as tristezas e amarguras vividas pelo percurso. Ou passarei uma borracha nelas e carregarei apenas as vitórias? O tempo dirá! Estou esperançoso! Sempre pautei minha vida pela positividade.
Mas sei também que haverá momentos em que estarão na balança alguns instantes e situações em que insistirão em machucar a minha mente, embora de antemão eu não queira deixar que eles inundem o espaço fecundo com que pretendo ocupar o mundo da minha imaginação. Não deixarei que o raio do pessimismo assuma e destrua a condução de minha vida. Até porque será tolice ocupar-se do que não deu certo.
Há sempre um lado bom que advêm das tempestades, das chuvas, das trovoadas. É só procurar o abrigo de alguma cabana, algum sonho bacana, algum riso preso querendo ser solto voando ao vento. Ah! E foram tantos os instantes bons. Os amigos conquistados e agora, de véspera, os versos que começaram a borbulhar registrando tantas e variadas emoções á ‘La Roberto Carlos’. Embora dele não tenha sido tão adepto, mas não nego aqui a empatia com suas canções.
Então estou agora pronto para perscrutar, para palmilhar, para desvendar o misterioso e delicioso mundo da preguiça, tal qual um simples ‘vagabundo’ que vagou de mesa em mesa,
que projetou e realizou algumas proezas e facetas sempre rebelde, sapeca e meio revolucionário com a cabeça erguida. Jamais se fazendo de bajulador ou um relés subserviente que tanto sobrevive e se locupleta no emprego público.
O mais gostoso é que deixei o afeto rolar solto, tipo sonhador inveterado e louco que acreditou sempre que era possível chegar a melhorar de vida com um salário vergonhoso, apesar de ter mestrado, três cursos superiores e ter que se desviar de alguns invejosos medíocres pela frente e pelas costas.
Então agora... Lendo a reflexão ‘ Tua caminhada’ de Charles Chaplin... Resolvi fazer ao final da minha jornada, um registro solene para marcar o meu último dia... Na esperança, ainda por nascer, amanhã criança, de que tenha valido a pena ter escolhido trilhar por esse caminho e que olhando para trás eu siga em frente confiante que o destino ainda me reserva boas surpresas. Meu abraço carinhoso e fraternal em todos que dividiram comigo a mesma jornada. Levarei e deixarei saudades podem ter certeza disso.
Hildebrando Menezes
Nota: ‘A vida é feita de portas que se abrem e que se fecham... Mas nem sempre as portas que se fecharam estarão trancadas para sempre... A vida tem a habilidade de nos trazer novas oportunidades e felicidade ainda maiores...’ Kassandra Marr ( A Indefectível)